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Olhar Olímpico

Campeões entre adolescentes, brasileiros estreiam em Mundiais por chance de enfrentar Bolt

Demétrio Vecchioli

21/04/2017 04h00

Delegação masculina brasileira em Nassau. Derick (esq) e Felipe (dir) estão na fileira mais alta, nas pontas.

Derick Silva e Felipe Baldi tinham apenas oito anos quando Usain Bolt ganhou sua primeira medalha em um Campeonato Mundial, em 2007. Enquanto o jamaicano faturava o tetracampeonato dos 200m, os brasileiros mostravam qualidade subindo ao pódio no Mundial de Menores e no Mundial Escolar. Em agosto, porém, os três podem estar lado a lado na despedida do maior corredor de todos os tempos. Um passo para a realização desse sonho poderá ser dado neste fim de semana, quando a equipe do 4x100m do Brasil disputa o Mundial de Revezamentos em Nassau, nas Bahamas.

O torneio chega à sua terceira edição, a terceira em Nassau, prometendo classificação dos oito primeiros colocados do 4x100m e do 4x400m para o Mundial de Atletismo que acontecerá em agosto, em Londres. Como Bolt vai se despedir do atletismo na Inglaterra – ele não está em Nassau -, o Mundial será a última (e única) chance de Felipe e Derick correrem ao lado do ídolo.

Os dois garotos nascidos em 1998 – Derick faz 19 anos no domingo, aliás – são novatos na equipe brasileira adulta. Derick é do Rio, mais uma revelação de Paulo Servo, e foi prata nos 100m no Mundial de Menores de 2015. Já Felipe, natural de Americana (SP), ganhou o Mundial Escolar do mesmo ano nos 200m. Além deles, o Brasil ainda conta com Vitor Hugo dos Santos, 21 anos, prata no Mundial de Menores de 2013 nos 200m.

Ou seja: talento não falta. O segredo é conseguir continuar evoluindo. "Acredito que para isso são necessárias três coisas: treinos bem treinados, para não dar lesão, alimentação e sono. Confiança tenho bastante", fiz Felipe. Ele só começou a treinar "sério" atletismo no começo de 2015, no salto em distância, pelo SESI de Santo André. O risco de uma lesão na canela o incentivou a mudar para as provas de velocidade, no início do ano passado.

A chegada à seleção adulta foi uma consequência. Em busca da classificação para o Pan-Americano Juvenil, Felipe foi segundo colocado do Brasileiro Sub-20, no último dia 7. A marca de 10s38 o deixou no quinto lugar do ranking nacional adulto, ficando com a última vaga na seleção.

Já Derick acertou com o Pinheiros depois que a BR Foods fechou sua equipe no Rio e agora mora e treina em São Paulo, perto do amigo Vitor Hugo, líder do ranking nacional (10s27). Derick é o segundo, com 10s35, marca que o levou ao título brasileiro sub-20.

Ambos sabem, porém, que ainda falta muito para brigar contra os melhores do mundo em provas individuais. "Minha meta esse ano é ir para o Pan e o Sul-Americano Juvenil. Como sou juvenil ainda, vou treinar visando as competições da categoria juvenil. Ir para o Mundial seria homérico", avalia Derick, que acredita que a mudança para São Paulo o amadureceu bastante.

Felipe também faz planos a longo prazo. "Todo velocista sonha em correr abaixo dos 10s. Tenho um plano longo imagino que em 2020 eu vou estar pronto para correr isso, tanto fisicamente, quanto pela bagagem de treinos."

Além deles, a equipe do Brasil terá Antonio Cesar Rodrigues (24 anos) e o veterano Bruno Lins (30 anos). Tanto a eliminatória quanto a final do 4x100m masculino serão no sábado.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.