Renovação com Fórmula 1 não depende de concessão, diz prefeitura
A prefeitura de São Paulo apresentou nesta quarta-feira (6) o edital de concessão do autódromo de Interlagos, que será publicado amanhã (7) no Diário Oficial. O processo prevê uma janela de 60 dias de recebimento de propostas, até que no dia 8 de janeiro ocorra a abertura dos envelopes. O secretário de governo, Mauro Ricardo, confia que em março o processo pode ser concluído, se não houver intercorrências.
"São prazos que valem se não tiver nenhuma intercorrência, se não tiver suspensão, ação no judiciário. Isso é um processo normal por conta do ineditismo do processo de desestatização por que passa a prefeitura. Estamos convictos que é isso que a população quer. O candidato eleito, o hoje governador João Doria (PSDB) prometeu isso na campanha, as pessoas sabiam o que seria feito e é isso que está sendo feito. Logicamente existem pessoas que pensam diferente e tentam atrapalhar esse processo de estatização, mas não conseguirão", disse Ricardo, que liderou a entrevista coletiva na ausência do prefeito Bruno Covas (PSDB), que segue internado no Hospital Sírio Libanês.
Concomitantemente secretário de Turismo e da Casa Civil, Orlando Faria (PSDB) disse estar otimista para a renovação do contrato com a Liberty Media, proprietária da F1, entre março e abril. Nós estamos num processo de renegociação, desde novembro. Tivemos intercorrências, o que é natural em um processo de negociação. O timing nosso é fechar em abril ou março o acordo. A FIA costuma publicar calendário em junho, julho, então é um bom timing", afirmou.
Apesar das coincidências de datas, Mauro Ricardo diz que a negociação com a Fórmula 1 não depende da concessão. "A concessão não tem nada a ver com o contrato com a F1. A F1 vai se manter sendo o autódromo da prefeitura ou de um concessionário. O concessionário só terá que devolver à administração por 80 dias, que serão destinados à FIA e à federação de motociclismo, para que eles possam operar."
Pela proposta, discutida com quatro empresas que se mostraram interessadas no processo de concessão, a prefeitura teria direito a utilizar o autódromo durante 80 dias, o que incluiria as datas do GP Brasil de Fórmula 1 e de eventuais outras provas oficiais, como uma etapa da MotoGP.
Essa foi uma exigência da prefeitura, já levada em consideração no plano de negócio pensado para o autódromo concedido. O concessionário não vai poder contar com o dinheiro do aluguel de Interlagos para a Fórmula 1, nem para a MotoGP, cabendo à prefeitura cedê-lo para o promotor que eventualmente adquirir os direitos dessas corridas.
Para tornar a concessão viável, a prefeitura identificou três áreas do autódromo que podem receber novos empreendimentos, como mostra a imagem que ilustra essa matéria. Um prédio com shopping (de pequeno porte) e hotel seria construído próximo ao S do Senna, enquanto o entorno do lago teria galpões comerciais e logísticos. Nas áreas internas, onde costumam acontecer festivais, podem ser montadas estruturas de esporte e lazer. Com isso, o concessionário teria uma receita bruta anual de R$ 197 milhões e custo operacional de R$ 48 milhões.
Pelo edital, o concessionário terá que fazer uma série de obras obrigatórias, que incluem terraplanagem, via perimetral, rede de controle, vestiários e esgoto definitivo. Essas obras, segundo a prefeitura, vão custar cerca de R$ 27 milhões, valor baixo na comparação com os R$ 160 milhões já investidos pelo governo federal no autódromo desde 2013.
No total, considerando a construção do shopping, do hotel, e dos galpões, a prefeitura espera que o investimento chegue a R$ 559 milhões. O concessionário será escolhido pelo maior valor de outurga fixa apresentado. O mínimo exigido pelo governo municipal é pouco menos de R$ 200 milhões. Inicialmente a prefeitura chegou a pedir R$ 300 milhões, mas, conversando com interessados, concluiu que o valor era alto demais.
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