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Olhar Olímpico

Judoca olímpico Mario Sabino, cabo da PM, é assassinado em Bauru

Demétrio Vecchioli

26/10/2019 10h14

Mário Sabino comemora título pan-americano máster

Com colaboração de Wagner Carvalho para o UOL, em Bauru (SP)

Membro da comissão técnica da seleção brasileira de judô, medalhista mundial e pan-americano, o judoca Mario Sabino Júnior foi morto na noite de sexta-feira (25), em Bauru, no interior de São Paulo, onde ele servia como cabo do 4º Batalhão da Polícia Militar do Interior. Um sargento, que também foi encontrado morto no local, é o principal suspeito do assassinato.

"Marião", como era carinhosamente conhecido no mundo do judô, representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, e Atenas, em 2004. Ele foi campeão dos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003, e medalhista de bronze no Mundial de Osaka, em 2003. Além disso, integrava a comissão técnica da seleção brasileira desde 2012, tento atuado nos Jogos Olímpicos de Londres e do Rio. Judoca máster, foi bicampeão pan-americano em agosto na categoria até 100 quilos, de 45 a 49 anos, e, no ano passado, campeão mundial de veteranos na mesma categoria. 

Policiais que estavam em patrulhamento pelo Jardim Niceia, em Bauru, suspeitaram do posicionamento de dois veículos e, ao averiguarem, encontraram os corpos dos policiais caídos no chão. Sabino foi atingindo por dois disparos. Próximo estava o corpo do outro PM, o sargento Agnaldo Rodrigues, também morto. Nenhum dos dois estava em serviço no momento do desentendimento.

O tenente-coronel Ézio Carlos Vieira de Melo, comandante do 4ºBPMI, afirmou que será aberto inquérito policial para apurar as circunstâncias do caso. O Olhar Olímpico apurou que Sabino e Rodrigues teriam se desentendido por questões pessoais envolvendo a esposa de Rodrigues, que também seria policial.

Amigos confirmaram que havia um desentendimento pessoal, mas eles não imaginavam que poderia chegar a este ponto. Moradores do bairro Jardim Niceia contaram para a reportagem do UOL que os dois carros chegaram ao local por volta das 21h. Depois de uma breve discussão, foram ouvidos três disparos. Minutos depois os policiais chegaram.

O tenente-coronel afirmou que Sabino foi morto por Rodrigues, mas afirmou não ser possível afirmar que o outro policial se matou. Para ele, apenas a perícia e os laudos poderão confirma essa versão. A arma utilizada para matar Sabino foi recolhida para perícia.

Em nota, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) expressou "seu mais profundo pesar e consternação pela perda repentina e trágica de um judoca, amigo e professor". "Mario Sabino Júnior será lembrado para sempre e com carinho por toda a família do judô brasileiro", escreveu a confederação.

"Uma grande perda para o movimento olímpico. Descanse em paz, Sensei Mário Sabino", postou o Comitê Olímpico do Brasil, no Twitter. O velório do ex-judoca acontece desde as 10 horas no velório Terra Branca do centro da cidade. Sabino será sepultado às 16 horas no Cemitério Redentor. 

"Sem palavras, ainda. Nosso amigo de tantas lutas partir deste jeito", escreveu Flávio Canto, no Instagram, compartilhando imagem da bandeira dos Jogos de 2004 assinada por ele e pelo amigo.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.