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Olhar Olímpico

Ginástica masculina brasileira fecha dia em 3º e deve ir a Tóquio

Demétrio Vecchioli

06/10/2019 18h06

(Ricardo Bufolin/CBG)

Um dia depois de equipe feminina falhar na tentativa de classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, os homens da seleção brasileira de ginástica artística cumpriram o papel deles. Terminaram o primeiro dos dois dias da fase de classificação do Campeonato Mundial em Stuttgart (Alemanha) em terceiro lugar e muito provavelmente vão conseguir vaga por equipes na Olimpíada do ano que vem.

O torneio classifica nove equipes a Tóquio, além de Japão, China e Rússia, que já garantiram vaga pelo pódio no Mundial do ano passado. Na prática, isso significa que vai à Olimpíada quem ficar entre os 12 primeiros colocados na Alemanha. No primeiro dia de eliminatórias, neste domingo (6), 12 equipes se apresentaram. Na segunda (7) competem outras 12.

Com 247,236 pontos, o Brasil só está atrás de Rússia e Taiwan. Na segunda vão se apresentar potências como EUA, China e Grã-Bretanha, mas é muito baixa a possibilidade de outras seis equipes, além dessas, ultrapassarem o time brasileiro. Inclusive, é provável que a equipe comandada por Marcos Goto termine entre as oito primeiras e avance para a final por equipes do Mundial pela terceira edição seguida.

Na apresentação deste domingo, a equipe se apresentou bem aquém do que se esperava na barra fixa, que era para ser um dos pontos fortes e acabou se tornado o pior aparelho do Brasil. Chico Barretto, que poderia brigar por medalha no aparelho, terminou o dia em um frustrante 69º lugar, com nota pelo menos dois pontos abaixo do esperado.

O time se recuperou no solo, com uma apresentação de bom nível, e não foi mais do que razoável no cavalo com alças, sempre o ponto fraco do Brasil. A reviravolta começou nas argolas, apesar de Arthur Zanetti também ter se apresentado abaixo do usual e seguiu para o salto, onde o Brasil só fez pontuação menor do que a Rússia, por enquanto líder.

Para fechar, o Brasil precisava ir bem nas barras paralelas. Arthur Nory foi o primeiro a se apresentar e falhou. Na sequência, porém, Chico Barretto e Lucas Bitencourt, o Bisteca, conseguiram notas razoáveis. Para fechar, Caio Souza conseguiu a sexta melhor nota do dia e fez o Brasil, de uma só vez, ultrapassar Espanha, Alemanha e Itália.

O resultado aponta uma inversão de papeis entre a ginástica masculina e a feminina. Desde 2000, as meninas sempre se mantiveram entre as melhores do mundo, participando de todas as Olimpíadas. Em Tóquio, só vão competir em provas individuais (Flavia Saraiva é a única classificada, por enquanto). Já os homens conseguiram a vaga olímpica pela primeira vez na Rio-2016 e agora asseguraram lugar em Tóquio até com certa folga. Pelo terceiro Mundial seguido, deverão fazer final.

Mesmo assim, a apresentação dos homens em Stuttgart foi abaixo do potencial da equipe, que somou 250,4 pontos nos Jogos Pan-Americanos, onde ganhou ouro contra um time B dos Estados Unidos. São mais de três pontos a mais do que os 247,236 deste domingo. Se for à final, a equipe volta a se apresentar na quarta (9). 

Ouro no individual geral em Lima com 83,500, Caio Souza também ficou aquém do pode. Somou 81,897 pontos e mesmo assim aparece em nono. A tendência é ele fazer final. Lucas Bitencourt, o Bisteca, por sua vez, foi muito mal, com apenas 76,998 pontos – em três aparelhos a nota dele foi descartada. Como a equipe olímpica tem só quatro atletas, e não cinco como no Mundial, Bisteca parece o favorito para sobrar.

O Brasil também deverá fazer duas finais por aparelhos em Stuttgart. Por enquanto Arthur Zanetti é o segundo nas argolas (está atrás do turco Colak Ibrahim), depois de tirar 14,700, abaixo dos 15 pontos com o qual está acostumado. Arthur Nory também é o segundo na barra fixa (atrás de Tang Chia-Hung, de Taiwan). Neste aparelho, Chico Barreto, que foi ouro no Pan, é só 0 69º colocado. Caio Souza aparece em sexto nas paralelas, mas dificilmente vai se manter entre os oito primeiros.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.