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Olhar Olímpico

Ele chegou em quinto, protestou e ganhou bronze no Mundial de Atletismo

Demétrio Vecchioli

03/10/2019 17h08

(Ahmed Jadallah/Reuters)

Orlando Ortega foi o quinto a cruzar a linha de chegada da final dos 110m com barreiras no Mundial de Atletismo de Doha, no Qatar, ontem (2). Nesta quinta-feira (3), foi premiado com a medalha de bronze na prova, mesmo sem que ninguém tenha sido desclassificado.

O feito raríssimo no esporte foi uma decisão do tribunal de apelação da Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF), que reconheceu que Ortega, um cubano que desertou depois do Mundial de 2013, só não completou a prova entre os três primeiros porque foi empurrado pelo jamaicano Omar McLeod, que corria na raia à sua esquerda.

Coube à federação espanhola recorrer do resultado. Durante a madrugada, a corte de apelação rejeitou o primeiro pleito espanhol. Os europeus recorreram e o caso voltou a ser julgado pelos mesmos árbitros, que desta vez se convenceram a dar o bronze a Ortega.

O espanhol e o jamaicano disputavam o segundo lugar quando McLeod abriu os braços, invadiu a raia ao lado e empurrou Ortega. O jamaicano caiu e acabou eliminado, enquanto o espanhol perdeu velocidade e terminou em quinto. O norte-americano Grant Holloway venceu, seguido do russo Sergey Shubenkov. O francês Pascal Lagarde terminou em terceiro com 13s18.

Ao entender que Ortega terminaria entre os três primeiros se não tivesse sido prejudicado pelo rival, a IAAF decidiu dar também a ele uma medalha de bronze, mesmo ele tendo completado a prova em 13s30, atrás também do chinês Wenjun Xie.

Esta é a segunda vez neste Mundial que a IAAF entrega medalhas a mais, abrindo precedente perigoso. Na final masculina do martelo, Bence Halasz, da Hungria, ganhou o bronze. Passada a prova, a Polônia recorreu, mostrando que o rival queimou o lançamento que lhe valeu a terceira colocação. A IAAF concordou e deu o terceiro lugar a Wojciech Nowicki, que terminou em quarto.

A Hungria recorreu e conseguiu que Halasz não perdesse sua medalha. Afinal, como o lançamento que lhe valeu o bronze foi logo o primeiro, ele competiu o resto da prova de forma arriscada, buscando o ouro. Se o primeiro lançamento fosse invalidado como deveria, ele teria feito outras tentativas mais conservadores, em busca de um lugar no pódio. No fim das contas, tanto Halasz quanto Nowicki voltaram para casa com medalha.

O Brasil, por enquanto, não ganhou nenhuma medalha. Como delegação o país até faz uma campanha acima da média, com o quarto lugar de Erica Sena e o quinto de Thiago Braz, mas ainda falta o pódio. O tabu pode cair na sexta, quando Caio Bonfim compete na marcha atlética 20km, ou no sábado, quando Darlan Romani faz final do arremesso de peso – nesta quinta, ele passou pelas eliminatórias acertando o primeiro arremesso. Também no sábado acontecem as finais dos revezamentos 4x100m, com o Brasil cotado para medalha no masculino.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.