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Olhar Olímpico

Espanha procura por medalhista olímpica desaparecida misteriosamente

Demétrio Vecchioli

03/09/2019 17h40

Blanca Fernández Ochoa (Divulgação)

Onde está Blanca Fernández Ochoa? Sumiu sem deixar vestígios de forma proposital ou se perdeu em meio a um passeio pelas montanhas? As perguntas, todas elas sem respostas, vêm causando uma apreensão crescente na Espanha, onde Ochoa é ídola, primeira medalhista olímpica de inverno. Conhecida também por participar de diversos reality shows, que serviam de meio de subsistência, Ochoa é o protagonista de uma novela que parece longe de um final.

A família deu falta de Ochoa no último dia 24 de agosto, sábado, quando ela não apareceu para, como de costume, assistir ao jogo do Real Madrid às 19 horas locais com a irmã e o cunhado. Em delicada situação financeira, Blanca vendeu sua casa e estava morando com a irmã Lola em Aravaca, na região metropolitana de Madri. Contactada pelo telefone, a filha de Blanca, Olívia, que estava com o pai em Múrcia, contou que a mãe havia avisado que havia decidido passar quatro dias "na montanha, para o norte".

Os dias passaram e Blanca não voltou. Lola notou que, além disso, a ex-esquiadora havia deixado o celular em casa. E também um cachorro, de quem ela não se separava, e que havia recentemente passado por uma cirurgia. Decidiu que era a hora de contactar a polícia, avisada na última quinta-feira (29). No sábado à noite, a informação do desaparecimento de Blanca tornou-se pública.

Logo a funcionária de um supermercado avisou que vendeu queijos para Blanca no dia 24, sábado, em Alarcón, pertinho de Aravaca, onde a ex-esquiadora estava morando com a irmã. A informação foi confirmada pelas câmeras de segurança. 

No mesmo dia, domingo (1), porém, um irmão encontrou o carro de Blanca, um Mercedes Classe A preto, no estacionamento da entrada de um parque em Cercedilla, a cerca de 50 quilômetros do local no qual ela comprou queijos. Segundo os irmãos, esse era um local onde Blanca sempre gostou de fazer montanhismo. Dentro do carro estavam o documento de identidade dela, a carteira de motorista, chinelos e um pouco de dinheiro. 

Desde o domingo à tarde as buscas estão concentradas no local, conhecido como Serra de Guadamarra, onde os grupos de busca foram divididos em cinco diferentes rotas. Cerca de 300 agentes de segurança estão procurando pela medalhista olímpica, além de mais de 100 voluntários, divididos em grupos de 10 ou 12 pessoas. Drones, helicópteros e cachorros também estão sendo utilizados na operação. 

Enquanto as buscas acontecem, a polícia e imprensa especulam sobre as possibilidades do que teria levado ao desaparecimento. O jornal El Pais contou que fontes próximas à investigação garantiram que a medalhista olímpica vivia uma situação "um pouco precária". Seu cunhado relatou que ela tinha "zero euros" na conta bancária. Veículos mais sensacionalistas apontam que ela sofria de transtorno bipolar e que havia encerrado recentemente um relacionamento.

"As forças de segurança mantêm a esperança. A cada dia que passa tenho um pouco menos de esperança, mas enquanto elas existirem não serei a única a perdê-la", disse Lola, nesta terça-feira, depois de encerrado mais um dia de buscas, o terceiro. 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.