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Olhar Olímpico

Sesi-SP mantém treinador suspenso após acusação de assédio

Demétrio Vecchioli

29/08/2019 04h00

André Avallone (Satiro Sodré/SSPress)

Um dos mais importantes clubes poliesportivos do Brasil, o Sesi de São Paulo decidiu não afastar de suas atividades um treinador condenado a três meses de suspensão por "conduta inadequada". André Avallone, ex-técnico da seleção masculina de polo aquático, está recorrendo da primeira punição aplicada pelo Conselho de Ética da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), instaurado há pouco tempo.

O acórdão do julgamento foi homologado há pouco mais de um mês, mas nunca foi publicado pela CBDA, que deixou de pagar advogados, assessoria de imprensa e até a manutenção do seu site. O resultado do julgamento só se tornou público na quarta, quando noticiado pelo Globo Esporte.

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O Olhar Olímpico confirmou que o painel formado pelos ex-nadadores Eduardo Fischer e Fabíola Molina, pelos advogados Caio Medauar e Paulo Schmitt e pelo médico Fernando Solera aplicou multa de R$ 3 mil e suspendeu Avallone por três meses.

Avallone, de 37 anos, foi acusado de assédio sexual pela jogadora Melani Dias, de 27 anos, da seleção feminina. De acordo com o relato dela, o treinador chamou para ir a seu quarto no hotel onde estavam hospedadas as seleções brasileiras, em São Paulo, em janeiro, e teria dito que gostaria de ter relações sexuais com ela.

Melani levou a denúncia aos conselhos de ética da CBDA e do COB, mas o segundo ainda não concluiu o julgamento. O conselho da confederação, por sua vez, não conseguiu comprovar o caso de assédio e condenou Avallone por conduta inapropriada.

Responsável pelo maior e mais importante programa de polo aquático do país, do Sesi de São Paulo, Avallone recorreu da decisão que, no entender de pessoas com conhecimento do caso, tem efeito imediato. Mesmo assim, ele segue trabalhando no Sesi.

Em nota, o clube paulista argumentou que "até o momento" não recebeu "comunicado oficial" sobre a suspensão.  "Existe um recurso pela parte envolvida em andamento e corre em sigilo. Então, o técnico continua normalmente como funcionário Sesi-SP e segue seu trabalho de treinamento com os atletas", explicou o Sesi.

Já o advogado de Avallone, Heraldo Luis Panhoca, enviou nota ao blog após a publicação da reportagem afirmando que o painel entendeu que "não houve assédio, mas sim falsa denunciação de crime praticado pelos denunciantes". Ele também avalia que as decisões do conselho de ética "dependem de comando judicial desportivo codificado para que sejam executadas, e esse comando ainda não foi tomado, pende recurso do apenado".

Nesta sexta-feira foi a vez do advogado de Melani, Felipe Ezabella, enviar nota. "Lamento que o advogado do denunciado, além de desrespeitar o sigilo processual, ainda emita declaração falsa sobre o seu conteúdo. Não houve qualquer menção na decisão que condenou o treinador sobre 'falsa denunciação de crime"', comentou.

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.