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Antidoping fica sem comando até agosto para indicada comentar Pan na Record

Demétrio Vecchioli

17/07/2019 12h00

Luisa Parente com a tocha do Pan de 2015 (reprodução/Instagram)

Escolhida nos primeiros dias de maio para presidir a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), a ex-ginasta Luisa Parente já está nomeada e poderia tomar posse do cargo a qualquer momento. A entidade que cuida do controle antidoping no Brasil, porém, vai ter que esperar até o dia 8 de agosto para ter uma comandante. Primeiro Luisa vai comentar os Jogos Pan-Americanos pela Record TV.

A escolha por Luisa Parente para substituir o também olímpico Emanuel Rego, que ficou oficialmente um mês e meio no cargo, foi revelada pelo jornal O Globo em 4 de maio e noticiada pelo Olhar Olímpico no mesmo dia. No dia 8 de maio, o ministro da Cidadania, Osmar Terra, participou de uma audiência pública na Câmara dos Deputados e confirmou a indicação.

Ainda que a decisão estivesse tomada em maio, Luisa só foi nomeada como secretária da ABCD na última segunda-feira, 15 de julho, mais de um mês depois de Emanuel deixar oficialmente o cargo, pulando para o comando da Secretaria de Alto-Rendimento. Essa troca aconteceu em 7 de junho e, desde então, um secretário adjunto dá as ordens na ABCD.

De acordo com a assessoria de imprensa da Record TV, que divulgou na terça-feira (16) a participação de Luisa como comentarista diretamente de Lima, ela ficará no Peru até o dia 6 e, assim que voltar ao Brasil, assumirá o cargo. Pela legislação, um nomeado tem 30 dias para tomar posse de qualquer cargo. Esse prazo é normalmente usado para tomada de providências como a mudança de cidade.

Ainda de acordo com a assessoria de imprensa da Record TV, procurada por telefone, Luisa vai levar mais de três meses entre aceitar o convite e tomar posse do cargo porque tem contrato com a emissora. A Record não informou quando esse contrato foi assinado. Procurada, Luisa não respondeu às perguntas enviadas pela reportagem. Ela já trabalhou como comentarista da Record em outras oportunidades, como no Pan de 2015 e na Olimpíada de 2016.

Uma vez empossada, Luisa só poderia deixar o país com autorização expressa do ministro da Cidadania, Osmar Terra (MDB), para missão oficial. Ou se pedisse afastamento temporário do cargo. Procurada, a Secretaria Especial do Esporte confirmou que a ex-ginasta tomará posse somente "no início de agosto", mas não confirmou e nem negou que a demora seja para que Luisa trabalhe na Record, como informou a emissora.

A Secretaria nega que haja relação entre a demora na nomeação e a atuação de Luisa como comentarista. "Embora a indicação tenha sido realizada em maio, o processo foi finalizado somente neste mês por envolver trâmites da administração pública, como o desligamento dos trabalhos anteriores – o Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem e a administração da empresa particular -, segundo determina a legislação. Também vale lembrar que o processo para nomeação para cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS) 101.6 exige procedimentos que envolvem diversos órgãos do governo federal", apontou o governo.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.