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Olhar Olímpico

Ana Marcela fica em quinto no Mundial e vai a Tóquio

Demétrio Vecchioli

13/07/2019 22h01

Ana Marcela Cunha vai aos Jogos Olímpicos de Tóquio. Neste domingo, em Gwangju (noite de sábado no Brasil), a baiana perdeu força nos metros finais e ficou em quinto na prova de 10 quilômetros do Mundial de Esportes Aquáticos. Pela primeira vez desde 2011, a medalha não veio. Mas, por ter terminado entre as 10 primeiras, ela está garantida em Tóquio.

A baiana, que defende a Unisanta e está com 27 anos, esperava resultado melhor por estar na melhor fase da carreira. Na Copa do Mundo, ela foi ouro em Doha (Qatar), Setubal (Portugal) e Balatonfured (Hungria), perdendo apenas em Seychelles, onde foi prata. No ano passado, ela chegou a se mudar para a África do Sul, seduzida pela proposta de uma super estrutura em um clube local, mas recentemente Ana voltou ao Brasil, desta vez para morar e treinar no Rio de Janeiro.

O Mundial é sempre momento de tensão para Ana Marcela. Em 2011, ela já era uma das estrelas do esporte brasileiro, eleita melhor do mundo na maratona aquática no ano anterior, mas ficou apenas na 11ª colocação na prova de 10 quilômetros em Xangai. Só as 10 primeiras se classificavam para os Jogos Olímpicos de Londres e, caso um país conseguisse a classificação pelo Mundial, outra atleta não poderia tentar a vaga pela repescagem. Como Poliana Okimoto terminou entre as 10, Ana Marcela ficou fora da Olimpíada.

Aposentada depois do bronze olímpico no Rio, Poliana não é mais ameaça. A concorrente de Ana Marcela passou a ser Viviane Jungblut, de 23 anos. Na prova deste sábado (pelo horário brasileiro), a gaúcha de 23 anos terminou fora da zona de classificação. Desta vez é ela quem não terá outra chance de tentar a vaga olímpica na maratona aquática – melhor brasileira nas provas de fundo, ela deverá buscar índice na natação.

Vivi chegou a nadar boa parte da prova entre as 10 primeiras, mas perdeu espaço numa chegada eletrizante. Terminou em 12o, entre a francesa Aurélie Muller, bicampeã mundial, e a italiana Arianna Bridi, bronze em 2017. Todas as três estão fora de Tóquio. A atual campeã olímpica, a holandesa Sharon van Rouwendaal, ficou em 10º e pegou a última vaga olímpica.

Ana Marcela, por sua vez, vai a Tóquio em busca da tão sonhada medalha olímpica. No Rio, ela terminou em um frustrante décimo lugar. Na ocasião, chegou à areia da Praia de Copacabana reclamando não ter conseguido pegar os seus suplementos alimentares durante da prova.

Ana Marcela tem nove medalhas na história dos Mundiais de Esportes Aquáticos. Ela estreou no pódio em Xangai-2011, quando ganhou a prova de 25 quilômetros. Com os títulos de Kazan-2015 e Budapeste-2017, ela é tricampeã na distância, que não é olímpica – e bicampeã consecutiva. Nos 10 quilômetros, ela foi prata em Barcelona-2013 e bronze nas últimas duas edições. Em Mundiais são 10 medalhas, porque ela também foi ao pódio, em 2010, no antigo Mundial de Maratonas Aquáticas, que não existe mais.

Na terça-feira (segunda à noite no Brasil) acontece a prova masculina dos 10 quilômetros, seletiva olímpica, com a participação de Allan do Carmo e Victor Colonese – o primeiro é dono dos melhores resultados brasileiros em Mundiais entre os homens e tem chances reais de conseguir a vaga.

Depois, ao longo da semana, Ana Marcela pode participar de outras três provas. Na terça à noite (sempre pelo horário de Brasília), Ana e Vivi nadam os 5km. Na quarta será disputado o revezamento por equipes, com time ainda a ser escalado. Por fim, na quinta, acontecem as provas de 25 quilômetros. O Brasil vai com Ana Marcela e Victor Colonese. Na prova masculina de 5km, disputada na sexta à noite, Fernando Ponte foi 25º e Diogo Villarinho o 36º.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.