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Olhar Olímpico

Maior operação da história contra o doping prende 234 pessoas

Demétrio Vecchioli

08/07/2019 13h59

Substâncias apreendidas pela polícia italiana (divulgação)

Uma operação liderada pela polícia da Itália e que contou com a participação de agentes de 33 países se tornou, nesta segunda-feira (8), a maior da história na repressão ao doping. Balanço divulgado pelo Serviço Europeu de Polícia (Europol) aponta que 17 organizações criminosas foram desmanteladas com a prisão de 234 pessoas. Cerca de 3,8 milhões de substâncias dopadas ilícitas e medicamentos falsificados foram apreendidos.

"Gostaríamos de parabenizar todos os Estados membros e outras organizações que contribuíram para essa operação ser bem-sucedida. Esse é o tipo de colaboração multipartidária que produz resultados reais e pode ter um impacto significativo na disponibilidade de medicamentos falsificados e ilegais usados ​​por atletas em todo o mundo", comentou o diretor de Inteligência e Investigações da Agência Mundial Antidoping (Wada), Gunter Younger.

A Wada foi uma das participantes do enorme consórcio montado para a realização da Operação Viribus, liderada pela Europol e proposta pela polícia italiana em parceria com a polícia grega. Também participaram agentes de 31 países europeus, dos EUA e da Colômbia, além do escritório europeu anti-fraude, o OLAF.

De acordo com comunicado de imprensa divulgado pela Europol, foram detectados e fechados nove laboratórios clandestinos, com a apreensão de quase 24 toneladas de esteroides em pó. Por esse balanço, 839 processos judiciais foram abertos e quase 1.000 pessoas relataram a produção, comércio ou uso de substância dopante. Paralelamente, a operação também se concentrou em exames antidoping durante eventos esportivos, com a realização de 1.357 exames, entre sangue e urina. 

"Com algumas diretrizes disponíveis na internet, os criminosos não precisam de habilidades químicas para produzir substâncias de doping extremamente tóxicas e medicamentos falsificados. Normalmente, grupos do crime organizado administram esses laboratórios e vendem o material ilegal no mercado negro. Os indivíduos também podem operar laboratórios menores. As substâncias dopantes produzidas são vendidas online ou em academias locais, centros esportivos, lojas de rua ilegais e mercados locais", explicou a Europol.

A polícia europeia também identificou tendências no comércio de substâncias dopantes. Segundo ela: os atacadistas estão importando grandes quantidades de esteroides para alimentar o mercado ilegal; atletas não-profissionais, ciclistas e fisiculturistas estão comprando pequenos volumes de esteroides, principalmente da Ásia ou da Europa Oriental, para transportá-las aos locais de competição; aumento do uso de mídias sociais para publicidade, promoção e venda de produtos anabolizantes; pequenos grupos do crime organizado estão investindo em laboratórios ilegais e vendendo as substâncias dopantes; crescimento contínuo de farmácias online não autorizadas e não regulamentadas, também na deepweb; um maior uso de cartões de crédito recarregáveis ​​e criptomoedas para realizar transações.

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.