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Olhar Olímpico

Com chuva de ouros, natação brasileira mostra força antes do Mundial

Demétrio Vecchioli

24/06/2019 00h05

Breno Correia (Photo Andrea Staccioli/Deepbluemedia/Insidefoto)

A natação brasileira vai chegar forte ao Mundial de Gwangju, na Coreia do Sul, a partir do dia 21 de julho. Em cinco eventos internacionais na Europa nos últimos 15 dias, os nadadores brasileiros ganharam um total de 44 medalhas, sendo 18 de ouro. Mais importante do que isso, conquistaram ótimos resultados principalmente nos 50m e 100m livre.

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Cada vez mais regular aos 29 anos, Bruno Fratus mostrou que tem tudo para voltar da Coreia do Sul com mais uma medalha no peito – ele foi ao pódio nos últimos dois Mundiais. Neste ano, as três melhores marcas da temporada são dele: 21s31 no Mare Nostrum de Mônaco, 21s42 no Sette Colli, em Roma, e 21s47 no Troféu Brasil. Só em 2019 ele já nadou na casa de 21 segundos em dez oportunidades.

Centenas de atletas de elite passaram pelas três etapas do Mare Nostrum (Mônaco, Canet e Barcelona), pelo Aberto da França e pelo Sette Colli, mas nenhuma dessas competições reuniu a maior parte dos melhores do mundo em uma mesma prova. Independente do adversário, Fratus se impôs. Em Roma, deixou para trás inclusive o francês Florent Manaudou, campeão olímpico de Londres-2012, que voltou à natação após uma aposentadoria de três anos.

Em Gwangju, tudo indica que a disputa pelo ouro será entre Fratus, o britânico Ben Proud (que tem 21s48 na temporada) e o norte-americano Caeleb Dressel (21s51). O russo Vladmir Morozov (21s55) deve brigar pelo pódio.

Nos 100m livre, os brasileiros dominaram o giro europeu por quantidade de resultados. No Sette Colli, Breno Correia ganhou com 48s48, seguido de Marcelo Chierighini (48s55). No Aberto da França, Chierighini ganhou, com Breno em terceiro. Em Barcelona, vitória de Breno, com Chierighini e Gabriel Santos dividindo o bronze.

Os tempos não são expressivos para o ranking mundial, mas há de se considerar que os torneios europeus são no que a natação chama de "temporada", quando os nadadores treinam e competem simultaneamente. Eles fazem o "polimento" para poucas competições, como campeonatos nacionais e o Mundial. Hoje, Chierighini é o quarto do ranking mundial e, Breno, o 12º.

 

As expectativas é que os dois possam brigar por medalhas em Gwangju. E que, puxado por eles, o revezamento 4x100m livre brasileiro dispute o ouro contra Rússia, Austrália e, principalmente, Estados Unidos. Além dos dois, o time tem Pedro Spajari e Gabriel Santos.

Breno ainda ganhou tanto o Sette Colli quanto o Aberto da França nos 200m livre, com 1min47s74 e 1min47s83, respectivamente. São os dois melhores resultados do brasileiro em temporada.

Estilos

Ao menos um lugar o pódio dos 50m peito (prova não olímpica). deve ser brasileiro. João Luiz Gomes Jr e Felipe Lima faturaram 10 medalhas no giro europeu, incluindo também resultados nos 100m. No ranking mundial da prova mais curta, todos os 14 melhores resultados são deles (respectivamente líder e vice-líder), do britânico Adam Peaty (grande favorito) ou do bielo-russo Ilya Shymanovich.

Nos 100m, onde ambos precisam melhorar para sonhar com medalha nos Jogos Olímpicos de Tóquio, eles aparecem empatados em um modesto 18º lugar. Em Gwangju, devem, quando muito, brigar por vagas nas finais. 

Leonardo de Deus foi bem nos 200m costas e 200m borboleta, em uma resposta, na piscina, à polêmica que ele criou entrando na Justiça Desportiva contra a convocação do Brasil para o Pan de Toronto. Ele volta da Europa com duas medalhas de ouro e uma de bronze.

Jhennifer Conceição também foi bem, com novo recorde sul-americano dos 100m peito. Ela, que está no quinto lugar do ranking mundial dos 50m e faturou seis medalhas na Europa, porém, não vai ao Mundial. Isso porque, na seletiva brasileira, ela só fez índice na prova não-olímpica, o que não atendia os critérios da CBDA. Diferente dos colegas, ela pagou do bolso a ida às competições europeias, em busca de experiência.

 

 

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.