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Olhar Olímpico

CBDA abre exceção e Nicholas Santos, 2 vezes vice-campeão, vai ao Mundial

Demétrio Vecchioli

08/06/2019 11h57

Nicholas Santos (Satiro Sodré/SSPress/CBDA)

A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) voltou atrás nos critérios que havia estabelecido e convocou Nicholas Santos para o Mundial de Esportes Aquáticos, que vai acontecer em Gwangju (Coreia do Sul), no mês que vem. A decisão foi anunciada nesta sexta-feira (7), depois de um convite feito pela Federação Internacional de Natação (Fina), que se ofereceu para bancar a ida do veterano à Coreia.

Aos 39 anos, Nicholas já não tem mais resultados expressivos nas distâncias olímpicas. Velocista, ele hoje se dedica quase que exclusivamente aos 50m borboleta, prova que lhe rendeu medalhas de prata nos últimos dois Campeonatos Mundiais, em Kazan (2015) e Budapeste (2017). Na piscina curta, foi campeão mundial no fim do ano passado.

As provas de "50m estilos" (borboleta, costas, peito) têm rendido diversas medalhas ao Brasil em Mundiais, mas tornou-se consenso dentro da CBDA que a dedicação a elas atrapalha a evolução dos brasileiros em provas olímpicas. Após o fracasso na Rio-2016, a entidade primeiro dificultou a obtenção de índices nos 50m estilos, depois proibiu.

Nomes como Etiene Medeiros driblaram essa situação obtendo índices em provas olímpicas. A pernambucana vai nadar os 50m costas em Gwangju em busca do bicampeonato mundial, mas classificou-se à competição por seu desempenho nos 50m livre e nos 100m livre na seletiva brasileira.

Nicholas, porém, não tem essa alternativa, aos 39 anos. Mesmo liderando o ranking mundial e sendo medalha praticamente certa no Mundial, ele inicialmente não havia sido convocado. A Unisanta, seu clube, chegou a oferecer pagar todas as despesas do nadador na Coreia do Sul, mas não teve acordo. A CBDA estava inflexível quanto aos critérios.

A situação mudou depois que Nicholas se reuniu com o diretor executivo da Fina, Cornel Marculescu, e explicou sua história. O brasileiro foi um dos destaques das três primeiras etapas da recém-criada Fina Champions Swim Series. Venceu em Budapeste (Hungria), Indianápolis (EUA) e Guangzhou (China). Dos sete melhores tempos do mundo, quatro são dele.

Convencida do ganho técnico de ter Nicholas no Mundial, a Fina enviou carta à CBDA solicitando sua convocação e se oferecendo para pagar as despesas do brasileiro na China. Gabriel Santos, especialista nos 100m livre que tem índice para nadar os 50m borboleta no Mundial, avisou que abriria mão de competir nessa prova. Aí, sem custos e sem causar prejuízo a nenhum outro nadador, a CBDA topou convocar Nicholas.

A postura, porém, abre margem para outros atletas reclamarem. Jhennifer Conceição, por exemplo, ficou fora do Mundial apesar de ter obtido índice nos 50m peito. Assim como Nicholas, ela também tem chances de medalha na Coreia do Sul. Mesmo não tendo nadado a Champions Swim Series, ela é a quinta do ranking mundial. 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.