Topo

Olhar Olímpico

Bicicletas se espalham, mas SP perde sua maior prova por falta de apoio

Demétrio Vecchioli

01/06/2019 04h00

(Fernando Dantas/divulgação)

No primeiro ano depois de ser incluída no calendário oficial da cidade de São Paulo por lei municipal, a tradicional prova ciclística 9 de Julho, maior do país, não será realizada. Organizada pela Fundação Cásper Líbero, a mesma responsável pela Corrida Internacional de São Silvestre, a 9 de Julho não conseguiu atrair patrocinadores que a tirassem do papel em 2019.

"Apesar dos esforços, não foi possível reunir os parceiros necessários para a realização neste ano. Nossos agradecimentos pela compreensão dos participantes, que sempre prestigiaram o mais tradicional evento ciclístico do país. A Prova 9 de Julho volta com força e novidades no próximo ano", disse a fundação, em nota.

O blog procurou a prefeitura e perguntou se o governo municipal tentou garantir que a prova fosse realizada. A"Secretaria de Esportes e Lazer dá apoio operacional para a prova. A organização da corrida é feita pela Gazeta Esportiva", respondeu a prefeitura, que não tem estudo específico sobre o impacto da prova no turismo.

A crise vem em um momento em que a cidade visivelmente está em lua de mel com as bicicletas, espalhadas principalmente pelo eixo entre o Parque Villa-Lobos, na Zona Oeste, e o Parque do Ibirapuera, na Zona Sul, cruzando a Marginal Pinheiros e a Avenida Brigadeiro Faria Lima. É exatamente esse o percurso que a 9 de Julho faria.

Não é exagero apontar a 9 de julho como a equivalente, para o ciclismo, do que a São Silvestre é para o atletismo brasileiro. Ela foi criada em 1933 pelo jornalista Cásper Líbero, então da Gazeta Esportiva, para homenagear a Revolução Constitucionalista do ano anterior – até hoje, 9 de julho é feriado estadual. Catorze anos depois, a prova ganhou o status de internacional. Na última década, entrou no calendário da União Ciclística Internacional (UCI), como principal prova realizada no país.

De acordo com a FCL, ela só não foi realizada em 1941 a 1946 (época da Segunda Guerra Mundial), de 1952 a 1954 e de 1966 a 1968. Recentemente, de 2012 a 2014, uma disputa pelo nome da prova impediu que ela fosse realizada como nome de 9 de Julho. Transformada em GP São Paulo, foi realizada mesmo assim, saindo da cidade de São Paulo, para Indaiatuba (SP), em 2014.

Desde 2015, porém, ela vinha sendo ser realizada nas ruas de São Paulo, consolidando-se como a maior do país. Em 2017, participaram mais de 2,4 mil atletas da categoria aspirantes, mil federados e 400 ciclistas de "elite". Naquele ano, a competição passou a cobrar por inscrições, como uma forma de tentar sobreviver. Em 2018, a prova não teve nenhum patrocinador máster.

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.