Topo

Olhar Olímpico

Covas desiste de vender autódromo e propõe concessão

Demétrio Vecchioli

10/05/2019 12h17

Bruno Santos/ Folhapress

Em concorrida entrevista coletiva hoje (10), o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, e o governador João Doria, ambos do PSDB, demonstraram otimismo pela permanência do GP Brasil de Fórmula 1 na capital paulista. Aos jornalistas e diante de vereadores e secretários, os dois políticos explicaram que passam a defender a concessão do Autódromo de Interlagos.

+ Doria desdenha de autódromo no Rio: 'Não tem nada em Deodoro' 
+ Governo federal descarta Interlagos enquanto gasta R$ 160 milhões em obras

"A Câmara já aprovou em primeira votação esse projeto. Avançamos nos estudos econômicos e, dada a decisão de quem comprasse deveria manter o autódromo, decidimos que o meio mais adequado seria a concessão. A premissa para essa mudança é a manutenção do Autódromo", explicou Covas.

Em outubro de 2017, quando o prefeito ainda era Doria, a prefeitura enviou à Câmara dos Vereadores um projeto de lei solicitando autorização do legislativo para "alienar" o Complexo de Interlagos, no qual está o autódromo José Carlos Pace e o Cartódromo Ayrton Senna. Naquele momento, o Plano Municipal de Desestatização previa que o terreno de 960 mil metros quadrados fosse vendido à iniciativa privada.

Na última quarta-feira (8), porém, Covas enviou à Câmara um pedido de arquivamento desse projeto de lei, 705/2017. Isso porque o modelo que a prefeitura analisa agora é o da concessão. O complexo seria administrado pela iniciativa privada por 35 anos, mas não deixaria de pertencer à municipalidade.

"Conversei ontem (quinta) com o presidente da Câmara, Eduardo Tuma (PSDB), para até mesmo, aproveitando o projeto que já passou em primeira votação, utilizando uma emenda, já aprovar em segundo turno. Esperamos que os vereadores consigam avançar ainda esse mês para que a gente consiga avançar nessa concessão. Vamos buscar outras forças políticas para estarem ao nosso lado", continuou o prefeito.

A grande questão em torno da privatização é o Projetos de Intervenção Urbana (PIU) de Jurubatuba, a macro-região em que fica o autódromo. Vereadores influentes que têm base política ali, como Milton Leite (DEM) e Goulart (PSD), ajudaram a travar o PL na Câmara durante o último um ano e meio, exigindo garantias de investimentos na região do autódromo.

Optando pela concessão, Covas passa a ter a opção de aprovar a privatização antes de discutir o PIU. "Não andou na Câmara porque eles colocaram a discussão com relação ao PIU Jurubatuba. Essa é mais uma das razões pelas quais alteramos para concessão. O autódromo permanece com o município e não tem que entrar na discussão do PIU Jurubatuba, explicou Covas. 

Já Doria mostrou otimismo quanto ao GP permanecer no Brasil. "Queremos deixar bastante claro que o Grande Premio Brasil de F1 está em São Paulo e continuará em São Paulo. Até 2020 temos contrato assinado com os promotores da F1, contrato que estabelece multas pesadíssimas. Portanto, não há nenhuma razão para não acreditarmos na permanência em São Paulo. São Paulo tem um prefeito e um governador que vão lutar pelo seu estado e sua cidade."

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.