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Olhar Olímpico

Governo enfim nomeia Emanuel para comandar o antidoping

Demétrio Vecchioli

23/04/2019 10h56

Mais de três meses depois de aceitar ser secretário nacional da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), o ex-jogador de vôlei de praia Emanuel Rêgo enfim pode começar a trabalhar oficialmente. A nomeação dele foi publicada pelo Diário Oficial nesta terça-feira (23), apesar de o campeão olímpico ter sido indicado pelo general Marco Aurélio Vieira, então secretário de Esporte, demitido na semana passada. Emanuel já dava expediente com assiduidade no prédio do antigo Ministério do Esporte, sem poder assinar documentos ou receber salários, há pelo menos dois meses.

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"Foi uma satisfação receber o convite para a ABCD. Eu tenho uma experiência muito grande em relação a isso, vivenciei esse controle durante muitos anos da minha carreira. Eu sei o quanto é importante para a história do atleta ser um atleta limpo, e também sei as dificuldades que a gente tem em manter isso mais claro para todos eles. Acho que essa é uma das missões", disse Emanuel, em material distribuído à imprensa pelo Ministério da Cidadania.

A ABCD pulou de mão em mão desde o fim do governo de Dilma Rousseff e da consequente chegada do MDB ao controle do então Ministério do Esporte. Durante o governo Michel Temer, a pasta foi comandada pelo também campeão olímpico Rogério Sampaio, pelo treinador de handebol Celso Luiz Gioacomini e, por último, por Denise Cardoso.

Nesse meio tempo, chegou a mudar sua hierarquia para ter um CEO, que seria o filho do presidente do COB, Paulo Wanderley, mas o plano foi abortado depois que o Olhar Olímpico revelou que Sandro Teixeira já estava se apresentando como CEO. Ele acabou exonerado.

Agora, Emanuel assume o comando da pasta também com o desafio de evitar ser associado a conflito de interesses. Ele é marido da também ex-jogadora de vôlei Leila Barros, senadora pelo PSB-DF. Logo, da oposição ao governo federal de Jair Bolsonaro (PSL) do que Emanuel agora faz parte. Marido e mulher acertaram que teriam independência política em Brasília. Ele atuando em um cargo técnico no governo, ainda que de segundo escalão (é subordinado ao secretário especial de Esporte), e ela no Senado.

Emanuel chegou à secretaria indicado pelo então secretário, general Marco Aurélio Vieira, demitido na semana passada. Por conta disso, havia o temor de que ele acabasse não sendo nomeado. Foi o que aconteceu com o coronel Rogério Dias, que desde o começo do ano comandava Departamento de Incentivo e Fomento ao Esporte (DIFE), área responsável pela Lei de Incentivo. Sem nunca ter sido nomeado, ele já se despediu dos funcionários.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.