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Olhar Olímpico

Incêndio na Notre Dame atinge o coração da Olimpíada de Paris

Demétrio Vecchioli

15/04/2019 16h15

Sai na Torre Eiffel, contorna a Notre Dame e volta margeando o Louvre e o Jardins das Tulherias até ver o incrível pôr do sol da ponte Alexandre III. Poderia ser o roteiro de um dos passeios mais clássicos do turismo mundial, mas é também uma descrição provável de uma prova olímpica. Paris-2024 tem como maior trunfo a possibilidade de misturar, de uma forma única, o esporte olímpico e alguns dos locais mais visitados da Terra.

Esse projeto sofreu seu maior baque nesta segunda-feira (15), quando o fogo começou a consumir um dos principais pontos turísticos da Cidade Luz: a Catedral de Notre Dame. Até as 16h desta segunda (pelo horário de Brasília), o fogo ainda ardia.

Diferente da Torre Eiffel e do Palácio de Versalhes, a Notre Dame não foi escolhida como uma "instalação" olímpica (venue, no termo adotado em inglês). Mas a catedral está no coração do projeto de Paris-2024, que tem como premissa a integração entre a cidade e os Jogos.

Ao menos duas provas olímpicas deverão passar a menos de 50 metros da catedral: tanto a maratona aquática quanto o triatlo terão suas largadas na "venue" da Torre Eiffel, percorrendo o Rio Sena. O trajeto ainda não foi anunciado, mas é muito provável que as provas sigam em direção ao leste, percorrendo toda a área que os organizadores chamam de "Coração de Paris".

O nome fala por si. Grande parte dos eventos vai acontecer dentro do cinturão que circunda o Sena. Desde Roland Garros e do Parque dos Príncipes, a oeste, até as Bercy Arenas, a oeste, passando pela torre, pelo Grand Palais, pelo Campo de Marte e pela Champs Elysées. A ideia é que tênue a linha que separe turismo e pura movimentação entre uma instalação e outra.

Nesse contexto, a Notre Dame sempre teve papel fundamental. Na apresentação feita pelo comitê de campanha ao Comitê Olímpico Internacional (COI), por exemplo, os dois pontos turísticos apontados foram exatamente a catedral e a torre mais famosa do mundo. Quem estiver "turistando" vai poder olhar para o lado e, de repente, ver uma competição olímpica.

Ao menos outras duas provas também tendem a passar ao menos perto da Notre Dame: a maratona (com largada na torre) e o ciclismo de estrada (largada e chegada na Champs Elysées). Inclusive, a Maratona de Paris, evento anual, ocorreu no último domingo (14), passando ao lado da catedral. 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.