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Olhar Olímpico

Por que um exame antidoping pode ajudar a decidir a eleição na Ucrânia

Demétrio Vecchioli

09/04/2019 04h00

Vladymir Zelensky, o humorista candidato a presidente (Genya Savilov/AFP)

O Estádio Olímpico de Kiev será o palco de um dos eventos mais importantes da história recente da Ucrânia e uma agência internacional antidoping já foi convocada para atuar. Ainda que tudo indique tratar-se de um torneio esportivo, o evento em questão é um debate eleitoral entre os dois candidatos que chegaram ao segundo turno na disputa pela presidência da Ucrânia.

Quem mais recebeu votos no primeiro turno foi o humorista Vladimir Zelensky, que ficou famoso como protagonista de uma série de TV na qual fazia o papel de presidente da Ucrânia. A série de TV virou um partido político, com mesmo nome e diretores, e Zelensky lançou-se candidato surfando em uma onda "anti-política" que já influenciou eleições em diversas partes do mundo. Com mais de 30% dos votos, chegou ao segundo turno contra o atual presidente, Petro Poroshenko.

Na semana passada, após uma troca pública de insinuações, os dois candidatos fizeram supostos exame antidoping e correram para as redes sociais para divulgar o resultado negativo. Os testes, porém, não convenceram o ex-campeão mundial de boxe Wladimir Klitschko, que é irmão do também ex-campeão Vitali Klitschko, hoje prefeito de Kiev e líder do bloco de apoio a Poroshenko.

Nas redes sociais, o Klitschko mais novo anunciou que já recrutou uma associação antidoping mundialmente reconhecida, a Vada, para ir a Kiev testar os dois candidatos. A Vada tem o "v" de voluntária, uma vez que, diferente da Wada, agência que regula o controle antidoping no esporte, a Vada atua só quando contratada. Normalmente, em lutas de boxe.

"Imaginem que uma ordem para lançar bombas pode ser dada por uma pessoa sob a influência de drogas", justificou um porta-voz de Poroshenko, defendendo a ideia do teste antidoping, proposto por Zelensk. Partiu do humorista não só o desafio do exame, mas também a exigência para que o debate presidencial ocorra na semana que vem e no maior estádio do país, para ser assistido pelo máximo de pessoas. Poroshenko disse que topa.

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.