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Olhar Olímpico

Pastor ligado a Sarney fica com principal cargo na Secretaria de Esporte

Demétrio Vecchioli

04/04/2019 19h15

O ministro da Cidadania, Osmar Terra, ganhou a queda de braço que vinha travando com o general Marco Aurélio Vieira, secretário Especial de Esporte. Nesta quinta-feira (4), ele bateu o martelo e escolheu o pastor evangélico neopentecostal João Manoel Santos Souza (MDB-MA), ligado à família Sarney, para ser o secretário Nacional de Esporte de Alto-Rendimento. Ele foi uma indicação da bancada do Nordeste do MDB na Câmara dos Deputados. 

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O cargo é o mais importante dentro da secretaria de Esporte (antigo ministério), porque é o que tem mais visibilidade. Cabe ao secretário da SNEAR, como a pasta é conhecida, direcionar os recursos para eventos realizados no Brasil, gerir a Lei de Incentivo ao Esporte, o Bolsa Atleta e tratar das relações com comitês como o COB e as confederações.

Mais cedo, o Olhar Olímpico publicou que tudo caminhava para Celso Giacomini (MDB-RS) ser mantido no cargo. Ele foi o secretário durante a gestão de Leandro Cruz (MDB-RJ) no ministério, no ano passado, e tem como padrinho político o também deputado federal Darcísio Perondi (MDB-RS). Vice-líder do MDB na Câmara, Perondi está na Câmara como suplente de Osmar Terra e é seu amigo de muitos anos. 

Mas tudo mudou ao longo do dia em que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) deixou de lado a "nova política" e recebeu caciques de diversos partidos do centrão. Entre eles Romero Jucá, do MDB. E foi exatamente a bancada do MDB, principalmente os deputados do Nordeste, que defendeu o nome de João Manoel, irmão do deputado federal João Marcelo Santos Souza (MDB-MA).

Uma apuração preliminar do Olhar Olímpico não encontrou qualquer ligação entre João Manoel e o esporte. Ele é pastor de uma igreja evangélica e filho do agora ex-senador João Alberto de Souza (MDB-MA), aliado de primeira hora de José Sarney. Em outubro, João Manoel foi segundo suplente da chapa ao Senado de Sarney Filho (PV-MA), filho de Sarney. Eles não se elegeram.

Em janeiro, Terra chegou a nomear secretário da SNEAR o procurador do Distrito Federal Raimundo Neto. Mas ele nunca tomou posse, porque precisava ser liberado pelo seu empregador, e a nomeação caducou. Terra nunca quis dar o cargo a Neto, que já trabalhou no Ministério do Esporte e que foi o responsável, por exemplo, pelo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pelo COB no final de 2017. 

O secretário da SNEAR terá função importantíssima nos próximos dias. É ele quem assinará, ou não, a renovação do certificado de que o COB cumpre as exigências da Lei Pelé. O certificado vence na sexta (5) e, sem esse documento, é obrigação da SNEAR informa à Caixa Econômica Federal para que ela suspenda os repasses da Lei Agnelo/Piva. O COB não tem a documentação necessária para tirar o certificado.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.