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Olhar Olímpico

Nova confederação de saltos ornamentais cresce e ganha reconhecimento

Demétrio Vecchioli

20/03/2019 20h05

Cartaz do Troféu Brasil de Saltos Ornamentais

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) reconhece 35 confederações de esportes olímpicos no Brasil. Mas há uma entidade novata, com dois anos de fundação, que vem crescendo a passos largos. É a Saltos Brasil, que nasceu para cuidar dos saltos ornamentais. De quarta (20) a sábado (24), é ela quem organiza pela primeira vez o principal campeonato nacional, o Troféu Brasil, em Brasília.

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Oficialmente, a chamada "entidade nacional de administração" dos saltos ornamentais é a CBDA. Mas a confederação de desportos aquáticos, que também é responsável por natação, maratonas aquáticas, nado sincronizado e polo aquático, vem deixando os saltos no último lugar da fila por acesso a recursos.

Foi com essa crítica que a Saltos Brasil nasceu há dois anos, sem reconhecimento da CBDA. Mas com o cobertor cada vez mais curto, a confederação de desportos aquáticos não teve outra saída. Repassar parte das responsabilidades sobre a modalidade para a nova entidade significa também não precisar arcar com uma série de custos.

"Até o ano passado a gente teve um pouco de dificuldade de conversar. Apesar de ter feito várias reuniões, não conseguíamos construir. Agora no início do ano a gente tá conseguindo chegar a um acordo, a um consenso, para a gente começar a trabalhar oficialmente. Devemos ficar com a realização das competições internacionais e a participação em competições internacionais", explica Ricardo Moreira, presidente da Saltos Brasil.

A ideia é que uma confederação voltada exclusivamente para os saltos ornamentais consiga trabalhar melhor o produto e atrair novos patrocinadores. Tanto é que, pelo acordo que está sendo costurado, a Saltos pode ter patrocinadores próprios, inclusive no uniforme da seleção brasileira em competições como o Mundial, quando a delegação estará sob responsabilidade da CBDA.

"Não é uma autonomia total, mas é uma parceria com bastante responsabilidade para a gente, onde a gente vai fazer algumas ações junto com a CBDA, outros sozinhos, mas sempre com a supervisão da CBDA", explica Moreira, que não esconde que, no futuro, a meta é ter 100% da administração da modalidade

A aposta é alta. O Troféu Brasil, que está sendo disputado em Brasília, está sendo arcado por apoiadores, sem nenhuma ajuda financeira da CBDA. "A gente tem feito bastante parceria para diminuir custo. Não vou mentir que a gente também tá com alguns colaboradores, pessoas físicas que acreditam no nosso trabalho e estão fazendo doação para nossa entidade", conta. A entidade custou a viagem de quatro atletas de cada clube e, entre outras despesas, deve gastar cerca de R$ 80 mil com o evento.

"Não é uma modalidade de muitos praticantes, mas é uma modalidade de muitos interessados. O público se interessa muito em assistir a modalidade, o high diving também. Tem uma grande aceitação do público", observa Moreira, que tem sua base em Brasília e foi o técnico de Hugo Parisi. Segundo ele, hoje a modalidade tem cerca de 400 praticantes no país.

O crescimento, no entender dele, passa por qualificar mais profissionais. Hoje diversos equipamentos que poderiam servir de centro de treinamento, como os parques aquáticos do Ibirapuera, do Pacaembu (em São Paulo) e do Julio Delamare (no Rio) estão ociosos para os saltos ornamentais.

"A maior deficiência nossa é a falta de profissionais qualificados. Temos que dar condição para esses profissionais desenvolverem projetos, para desenvolverem centros de treinamento. A partir do momento que a gente for oficial, vai ficar menos complicado para desenvolver parcerias e ajudar técnicos e clubes a implantarem os saltos ornamentais", completa.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.