Topo

Olhar Olímpico

CBAt encerra intervenção em São Paulo após acordo e renuncia de presidente

Demétrio Vecchioli

19/03/2019 19h59

Toninho Fernandes e Mauro Chekin, ex e atual presidentes da FPA

Acabou nesta terça-feira (19) a intervenção da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) na Federação Paulista (FPA). Mauro Chekin, dirigente ligado à equipe feminina de vôlei de São Caetano do Sul, não resistiu à pressão de todas as partes e, completamente isolado, anunciou pela manhã sua renúncia. Oficialmente, ele deixa o cargo por conta de "reiterados problemas de saúde e da inadiável necessidade de intervenção cirúrgica".

+ CBAt comprova esquema de fraude de ex-presidente e o denuncia à polícia
+ Após CBAt, Federação Paulista tem movimento para derrubar presidente

Razões médicas também foram alegadas, um ano atrás, para que Toninho Fernandes renunciasse à presidência da própria CBAt. Os dois caíram em descrédito depois que o Olhar Olímpico publicou uma série de reportagens mostrando indícios de desvios de recursos públicos estaduais tanto na CBAt quanto na FPA.

Com a renúncia de Chekin, o vice Fernando Carramenha Lacerda de Almeida assume a federação, com o compromisso de, em 90 dias, convocar e realizar eleições para eleger um sucessor, que terá mandato tampão até meados do ano que vem, apenas. Pelo acordo, FPA e CBAt encerram disputa judicial. 

A Federação Paulista de Atletismo é a mais rica federação estadual olímpica do país, historicamente financiada pelo governo paulista, que nos últimos anos fechou a torneira por onde saia em média R$ 7 milhões ao ano. Mas, graças à concessão de permissões para corridas de rua, a FPA criou uma fonte importante de recursos privados, de difícil fiscalização.

Como a elite do atletismo brasileiro está toda concentrada em São Paulo, também é a FPA a federação que mais atletas fornece para o Brasil em eventos poliesportivos, como os Jogos Pan-Americanos e os Jogos Olímpicos.

A entidade vivia um caos administrativo desde o ano passado. O mesmo movimento que derrubou Toninho também atingiu Chekin, que comandava a FPA desde 2012 – substituiu exatamente Toninho no cargo. Com a diferença que a desorganização da federação dificultava que os clubes o derrubassem, uma vez que não era de conhecimento público, por exemplo, quem tinha direito a voto na federação.

Só no fim do ano passado, pressionado pela nova gestão da CBAt, Chekin convocou assembleia, para votar – e reprovar – suas contas. Apoiada pelos clubes, a confederação então determinou a intervenção. Só que Chekin nunca entregou as chaves da federação, alegando que não reconhecia a decisão.

Desde então, passou a comandar uma federação sem poder. Os clubes reconheciam o interventor Joel Lucas Vieira, ligado ao SESI-SP, como presidente, assim como apoiaram o calendário da "intervenção", reconhecido também pela CBAt e pela federação internacional. Chekin até lançou um calendário de provas, que ele dizia ser o "oficial", mas ninguém se inscreveu para competir.

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.