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Olhar Olímpico

Programa de bolsa para atletas em SP tem corte de 36% em dois anos

Demétrio Vecchioli

14/03/2019 04h00

Ex-governador Geraldo Alckmin assina concessão da Bolsa Talento Esportivo em 2011 (divulgação)

Um dos principais programas de incentivo ao esporte no estado de São Paulo, o Bolsa Talento Esportivo tem ficado menor a cada ano. Dados da antiga Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude (SELJ), agora apenas Secretaria de Esporte (SESP), apontam que o investimento feito pelo estado caiu 36% em um período de dois anos, entre 2016 e 2018.

De acordo com o governo estadual, em 2016 foram gastos R$ 5,7 milhões com o programa. O valor total foi reduzido a R$ 4,1 milhões em 2017, ainda durante a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), e caiu para R$ 3,7 milhões em 2018, ano em que o tucano deixou o governo em abril e foi substituído pelo então vice Márcio França (PSB).

Atualmente, o programa beneficia 462 atletas, sendo 257 da categoria Estudantil (bolsa de R$ 415), 168 da  Juniores (também R$ 415), trinta da Nacional (até R$ 1.660) e sete da Internacional (até R$ 2.490). O Bolsa Talento Esportivo não permite acúmulo com o Bolsa Atleta, do governo federal.

Diferente do Bolsa Atleta, aliás, o programa do governo paulista não tem lista única e anual de beneficiados. A cada 12 meses os atletas inscritos no Bolsa Talento precisam apresentar prestação de contas e solicitar a renovação, que pode acontecer até um período máximo de 60 meses – cinco anos.

Nos dois primeiros meses de gestão João Doria (PSDB), o programa tem sofrido ainda mais cortes. A primeira reunião da Comissão de Análise cancelou o benefício de 74 atletas, pelos mais diversos motivos (limite de 60 meses atingido, falta de evolução esportiva, não prestação de contas). Durante o mesmo período do ano passado haviam sido excluídos do programa 21 atletas.

Ao mesmo tempo, o número de novos contemplados diminuiu. Em 2018, nos dois primeiros meses do ano foram incluídos no programa 49 esportistas, ante apenas 20 agora.

Em nota, a SESP explicou que o programa recebe diversas indicações e currículos de atletas e durante a reunião da Comissão de Análise são realizados os engajamentos por meio de seleção do potencial do esportista. "Ao completar 12 meses de recebimento do benefício, o atleta é obrigado a realizar o pedido de renovação. Além disso, não há um limite para inclusão, pois isso é definido de acordo com o orçamento disponível. Ressaltamos que não há editais de concessão ou renovação, pois a solicitação de inclusão é feita por meio de pedidos formais", completou a secretaria.

O programa tem espaço pequeno no governo. Apenas dois funcionários concursados cuidam do Bolsa Talento Esportivo. Na Comissão de Análise atuam dois servidores comissionados: os ex-jogadores de basquete Simone Bighetti (coordenadora de Esporte) e Chuí (secretário-executivo).

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.