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Olhar Olímpico

Escândalo de corrupção no esporte universitário atinge atrizes de Hollywood

Demétrio Vecchioli

12/03/2019 19h01

Lori Loughlin

Duas atrizes de Hollywood estão entre as 50 pessoas indiciadas pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos nesta terça-feira (12) em desdobramento de um escândalo de corrupção que vem colocando em xeque o aclamado modelo do esporte universitário americano, atingindo em cheio a NCAA. Investigações do FBI descobriram um esquema que permitia a pais ricos comprarem vagas em universidades a partir de fraudes no sistema de recrutamento esportivo.

As principais universidades norte-americanas têm um modelo parecido com o do Brasil de seleção de alunos, com uma espécie de vestibular – quem faz mais pontos tem prioridade de vaga nas faculdades mais concorridas. Paralelamente a isso, essas universidades têm programas esportivos, pelos quais selecionam atletas de reconhecido talento em determinadas modalidades. Esse recrutamento é feito por técnicos, que levam em consideração critérios subjetivos.

O escândalo já havia vido à tona no ano passado, quando o FBI prendeu 10 pessoas acusadas de participar desse esquema de corrupção. Eles recebiam suborno em troca de conseguirem vagas em equipes esportivas de universidades de ponta: Georgetown, Stanford, UCLA, Yale, Texas, San Diego e Southern California. 

Agora, em desdobramento dessas investigações, o FBI realizou a operação Varsity Blues, na qual denunciou 50 pessoas, entre elas 33 pais de alunos, causando a prisão temporária de diversos deles. "Este caso é sobre a crescente corrupção nas admissões de faculdades de elite através do uso do poder financeiro para fraude. Não pode haver nenhum sistema de admissão de faculdade separado para os ricos", denunciou o advogado Andrew Lelling, que lidera as investigações.

Felicity Huffman com o marido e também ator William H. Macy

Entre as pessoas indiciadas estão duas atrizes de Hollywood. Lori Loughlin (a Rebecca, do seriado Full House e da nova versão Fuller House, criada pelo Netflix.) e seu marido, o estilista Mossimo Giannulli, foram acusados ​​de pagar US $ 500 mil em subornos para que suas duas filhas fossem selecionadas para a equipe de atletismo da Universidade do Sul da Califórnia, da qual nunca teriam feito parte parte. 

Já a atriz Felicity Huffman, indicada ao Oscar por sua atuação em Transamerica no papel de Sabrina Osbourne e famosa pela personagem Lynette Scavo em Desperate Housewives, teria pago US$ 15 mil a uma fundação que atua em recrutamento para que filha pudesse ter nota melhor. De acordo com o Chicago Tribune, isso fez com que ela melhorasse em mais de 30% seu resultado na prova em um ano. A prova era feita por outra pessoa. Huffman chegou a ser detida, mas deve ser liberada.

Nas investigações, um ex-treinador da equipe de futebol feminino de Yale, que se declarou culpado no caso há quase um ano e tem atuado em colaboração ao FBI, supostamente aceitou um suborno de US$ 400 mil para colocar uma aluna na lista de membros de sua equipe, abrindo as portas para ela em Yale, mesmo que a menina não jogassem futebol. De acordo com as investigações, só os pais dessa aluna pagaram US$ 1,2 milhão em propinas.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.