Brasil veta convocação de técnico e Fratus treina com uniforme dos EUA
A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) pode ter aberto uma guerra com o nadador brasileiro mais vitorioso da atualidade. Pouco depois de a entidade divulgar os critérios de convocação para o Mundial de Desportos Aquáticos de Gwangju (Coreia do Sul), Bruno Fratus apareceu para treinar com o uniforme dos Estados Unidos. É um claro sinal de descontentamento.
É que a CBDA estipulou que os quatro técnicos da seleção no Mundial sejam "treinadores de nacionalidade brasileira e que estejam atuando dentro do mercado do Brasil". Bruno Fratus treina nos Estados Unidos há bastante tempo, com apoio não apenas da CBDA, mas também do COB. O técnico dele é o australiano Brett Hawke, que foi quem publicou o vídeo de Fratus treinando com uniforme dos EUA.
"Sua reação (de Fratus) à notícia de que a Confederação Brasileira de Natação acaba de estabelecer uma regra que proíbe que todos os treinadores estrangeiros viajem com a seleção para grandes competições. Efetivamente proibir o treinador mais bem sucedido na história da natação brasileira", postou Hawke no Instagram.
Joanna Maranhão logo comentou. "Não sei quantos ciclos olímpicos de fracasso vão ser necessários pros gestoras entenderem que corporativismo de treinador brasileiro não pode estar acima de resultado em Jogos Olímpicos", ela escreveu. Procurado pela reportagem, Fratus não quis comentar.
Sem dispensas no Pan
Ainda que só uma semana separe o Mundial de Gwangju (Coreia do Sul) e o Pan, a CBDA resolveu colocar como exigência que a elite da natação brasileira dispute as duas competições. Além disso, todos os convocados para o Pan serão obrigados a participar de um período de aclimatação, em local e datas não definidos ainda.
A exigência consta em boletim divulgado nesta quinta-feira (7) pela CBDA, no qual ela lista os critérios de convocação para o Pan. "Os atletas convocados paro o Mundial que se enquadrarem nos critérios de convocação do Pan , deverão obrigatoriamente participar de ambos os eventos, sem possibilidade de qualquer tipo de dispensa, excetuados os casos médicos devidamente chanceladas pela comissão médica da CBDA", diz a nota. A palavra "deverão" aparece em letras maiúsculas e grifada.
A CBDA não detalhou os motivos que a levaram a tomar tal decisão. Em 2015, quase todos os nadadores que foram ao Mundial também acabaram disputando os Jogos Pan-Americanos, com uma única exceção: Cesar Cielo. Naquela oportunidade, ele alegou lesão para abandonar o Mundial no meio.
A proibição de dispensas não necessariamente deixa a equipe brasileira mais forte. A natação tem o chamado período de polimento, uma determinada janela de tempo na qual o atleta está mais apto a fazer seu melhor. Duas janelas tão próximas são de difícil encaixe. O que significa – como já se viu em outras oportunidades – que, ainda que disputem as duas competições, os nadadores terão que escolher deixar o melhor para o Mundial ou para o Pan. A tendência é o Brasil ter meia-força em ambas.
Os critérios de convocação para os dois eventos são semelhantes: os resultados obtidos nas finais A das provas olímpicas do Troféu Brasil, em abril. Para o Mundial são 24 vagas, com prioridade para quem obter um índice forte estabelecido pela CBDA e para os quatro integrantes dos revezamentos cuja soma de tempo desses quatro atletas for inferior ao tempo do time sétimo colocado no Mundial passado. Depois, as vagas que restarem serão ocupadas pelos melhores colocados no ranking mundial, considerando dois atletas de cada país por prova.
Já para o Pan serão convocados 18 homens e 18 mulheres. Em cada gênero, têm vaga garantida os 12 brasileiros mais bem colocados em um ranking pan-americano (ranking mundial, mas só levando em consideração os países da América). Depois, seis vagas serão distribuídas para completar os revezamentos. Caso não haja necessidade, aí volta a valer o critério do ranking.
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