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Olhar Olímpico

Técnico de esgrima é preso acusado de abusar de atleta de 12 anos

Demétrio Vecchioli

12/02/2019 15h23

Um importante treinador da esgrima brasileira, com passagem recente pela seleção, foi preso na segunda-feira (11), em Curitiba (PR), acusado de tentar abusar sexualmente de uma atleta de 12 anos. A Polícia Civil do Paraná optou por não revelar o nome do treinador, de forma a preservar a vítima. O Olhar Olímpico segue essa orientação e não publicará o nome do acusado, que está em prisão temporária por 30 dias. Ele nega as acusações.

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O treinador foi preso em sua casa no bairro do Portão, na capital paranaense. Ele atuava, até a semana passada, no Círculo Militar do Paraná, um dos clubes mais tradicionais de esgrima no país. Referência nas categorias de base, recentemente esteve presente em convocações tanto da Confederação Brasileira de Esgrima (CBE) quanto do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Segundo a CBE, fazia parte de um rodízio de treinadores convocados – a confederação não tem técnicos sob contrato.

Foi durante uma viagem dele ao exterior, de férias, que a suposta vítima, de 12 anos, tomou coragem de contar à mãe sobre as acusações de abusos. Antes, a mãe havia notado que a filha vinha tendo notas mais baixas que usual, estava com comportamento agressivo e já não se cuidava mais.

O assédio teria acorrido durante treinamentos no Circulo Militar. "Uma aluna teria alegado que ele estaria se aproveitando das aulas, no alongamento, para se aproveitar das vítimas. Ele passava o  dedo dentro da vagina da menina, beijava os seios da menina, entre outras situações que ocorriam nos treinos, que eram individuais", contou o delegado José Barreto de Macedo Júnior, do Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes). Ao delegado, treinador negou as acusações e disse que sequer tocava a menina. "Segundo ele, a vítima teria um transtorno", contou.

Em seu site, o Círculo Militar promove a escolinha anunciado "professores experientes, e atenciosos, para auxiliar e definir o melhor treino". Na semana passada, o treinador, que trabalhava apenas com as categorias de base, foi demitido pelo clube, que informou que desconhecia a denúncia e que foi pego de surpresa com a notícia da prisão, nesta terça (12).

A família da vítima, porém, já suspeitava do treinador. "A própria mãe da vítima teria contratado uma babá depois da suspeita. A babá confirmou que todas as vezes que ela levava a menina, ele fazia questão que ela não ficasse na sala", comentou o delegado. "Ele tentava ganhar a confiança. Ofereceu uma bolsa de estudos, emprestou arma. Sempre dizendo que ela seria um talento. Já incentivando que ela sempre comparecesse às aulas. Os abusos ocorriam, segundo a vítima, em todas as três aulas da semana."

Ainda segundo a Polícia Civil, os agentes também cumpriram mandado de busca e apreensão, apreendendo um celular e um notebook. Os equipamentos serão enviados para perícia, para descobrir se o treinador buscava se aproximar também de outras vítimas menores de idade.

delegado José Barreto de Macedo Júnior inclusive usou a entrevista coletiva para pedir que outros alunos que sejam treinados ou tenham sido treinados pelo treinador, cujo nome já circula em grupos de Whatsapp da esgrima, procurem o Nucria.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.