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Olhar Olímpico

Federação perde quebra de braço e nadadores poderão disputar ligas

Demétrio Vecchioli

15/01/2019 11h45

Bruno Fratus (Satiro Sodré/SSPress/CBDA

Um imbróglio que vinha dividindo a natação mundial nos últimos meses se aproximou de uma solução nesta terça-feira. Em encontro com confederações nacionais, a Federação Internacional de Natação (Fina) reconheceu o direito dos nadadores participarem de eventos privados, inclusive aqueles não reconhecidos pela entidade. No fim do ano, atletas de peso como a húngara Katinka Hosszu processaram a Fina contra a proibição.

A queda de braço envolveu principalmente a realização de um torneio na Itália, em dezembro, intimamente ligado a Paolo Barelli, presidente italiana e a Liga Europeia de Natação (LEN). Barelli foi derrotado na eleição da Fina de 2017 e pretende voltar a carga no próximo pleito, em 2021. A ideia era reunir boa parte da elite da natação mundial, com 17 campeões olímpicos esperados. Mas a Fina avisou que não reconhecia a competição, avisando que poderia suspender por até dois anos quem dele participar.

Financiado por um bilionário ucraniano, o torneio pagaria valores expressivos em premiação aos nadadores. A proibição causou revolta e três deles entraram na Justiça contra a Fina: Hosszu e dois norte-americanos, Michael Andrew e Tom Shields. O britânico Ben Proud, um dos grandes nomes da modalidade, chegou a avisar que iria à Itália e competiria, apesar da ameaça da Fina. Mas o evento acabou cancelado.

Nesta terça-feira, a Fina cedeu. Após a reunião, disse que "reconhece que os nadadores são livres para participar de competições ou eventos organizados por organizadores independentes, ou seja, entidades que não são nem membros da Fina nem relacionadas a ela de qualquer forma". Só colocou como porém que, os eventos que não solicitarem ou obtiverem sua chancela ou de federações nacionais não poderão ter seus resultados considerados para rankings.

"A principal preocupação da Fina continua sendo o desenvolvimento de todas as disciplinas de esportes aquáticos e o apoio e bem-estar de todos os nossos atletas. Embora a Fina seja obrigada a respeitar suas regras, há algum espaço para interpretação e aplicação dessas regras e foi um prazer poder fornecer esclarecimentos hoje (terça)", comentou o presidente da entidade, o uruguaio Julio Maglione.

"A Fina reconhece o direito dos atletas de participar de qualquer evento de natação. No entanto, essa participação deve respeitar a estrutura esportiva. O intuito da Fina não é punir os atletas, mas se as regras da Fina não forem cumpridas, os resultados da competição não serão reconhecidos pela Fina ", complementou François Carrard, assessor jurídico da Fina.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.