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Olhar Olímpico

Brasil perde mais um campeão mundial de basquete: Sucar

Demétrio Vecchioli

31/12/2018 14h30

Sucar, medalhista olímpico do basquete

Morreu nesta segunda-feira (31), no último dia do ano, o ex-jogador de basquete Antonio Salvador Sucar, aos 79 anos, em São Paulo (SP). O falecimento do jogador campeão mundial com a seleção brasileira foi comunicado pela Confederação Brasileira de Basquete (CBB), que não informou detalhes. 

Sucar é o segundo jogador da geração mais vitoriosa do basquete brasileiro, liderada por Wlamir Marques e Amaury Pasos, a falecer neste ano de 2018. Antes dele, em novembro, morreu o também ex-pivô Waldir Boccardo, campeão mundial em 1959 e bronze na Olimpíada de Roma, no ano seguinte. Em abril, morrera o último remanescente da geração bronze em Londres-1948: Alberto Marson, aos 93.

Sucar nasceu em Lules, província de Tucumán, na Argentina, em 1939. Veio ao Brasil com seis anos, mas só se naturalizou aos 21, em 1960. Um ano antes, chegou a treinar com a seleção que disputaria e seria campeã do Mundial do Chile, mas acabou cortado por não ter conseguido a cidadania a tempo.

Reserva importante na conquista do bronze em Roma-1960, ele se tornaria titular da seleção brasileira a partir do ano seguinte, permanecendo assim na conquista do título mundial de 1963, no Maracanãzinho. Na temporada seguinte, perdeu lugar na equipe com a ascensão do então jovem Ubiratan, mas continuou sendo importante para a equipe.

Durante toda carreira, o pivô de 2,02m só defendeu o Sírio, tendo se retirado das quadras em 1973.  Em entrevistas que fiz para um livro sobre a geração de ouro do basquete brasileiro (ainda sem publicação), Sucar foi o ex-jogador mais elogiado pelos colegas.

"O Nenê era técnico, muito inteligente, um aglutinar. Muito humilde e por isso tinha uma força de grupo incrível",
lembrou um dos ex-companheiros, unânimes nos elogios. O ex-pivô nunca se afastou do Sírio e, usando o que aprendeu lá dentro, foi o dirigente responsável pela última grande fase do "Clube do Aeroporto" no basquete, nos anos 80.

De família relativamente humilde, nunca se profissionalizou. Começou a trabalhar como operário, aos 14 anos, estudou direito no Mackenzie (então principal time universitário do país) e fez fortuna com uma corretora de imóveis. Ao longo dos anos, ajudou financeiramente inúmeros amigos que fez no basquete

"Sou assim e não vou mudar. Acho que não tinha nada demais. A gente tinha uma amizade entre nós. Um ajudar o outro está na educação que a gente recebe. Se os outros falam de mim eu não posso desdizer", me disse ele, em 2009.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.