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Olhar Olímpico

CBB racha com clubes e impõe condições para NBB continuar existindo

Demétrio Vecchioli

20/12/2018 12h18

Guy Peixoto, presidente da CBB, impôs condições para a realização do NBB pelos clubes

A Confederação Brasileira de Basquete (CBB) publicou nesta quinta-feira (20) uma portaria com uma série de exigências para que a Liga Nacional de Basquete (LNB), entidade gerida pelos clubes, continue tendo chancela para realizar o NBB. A lista inclui espaço gratuito publicitário para os patrocinadores da confederação, uma porcentagem de tudo que a liga arrecadar e a obrigatoriedade de utilizar STJD e árbitros da entidade máxima do basquete nacional.

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O racha começou em outubro, quando, no mesmo dia do lançamento do NBB, a CBB anunciou que organizará um "Campeonato Brasileiro Nacional Adulto" a partir do ano que vem, sem divulgar que seria uma competição de segunda divisão – acordada previamente entre liga e confederação.

A LNB não gostou da atitude da confederação e enviou um ofício – obtido pelo Olhar Olímpico – em tom nada amistoso, criticando o presidente Guy Peixoto. A resposta da CBB foi o rompimento do termo de cooperação com a liga assinado em setembro, fazendo ameaças.

O documento, assinado pelo então presidente, João Fernando Rossi, deixou definitivamente de lado a cordialidade entre as partes, e solicitou, sem sucesso, que a CBB retificasse aquilo que a LNB classificou como mentira. "Solicitamos que Vossas Senhorias retifiquem a nota com a supressão dos dados verdadeiros, informando e restabelecendo a verdade que o campeonato que a CBB está tentando viabilizar para o futuro é o Campeonato Nacional Adulto Masculino da Segunda Divisão".

Nesta quinta, as ameaças se confirmaram. Em portaria publicada no site da CBB – logo, em decisão imposta pela gestão Guy Peixoto, que nunca havia publicado portarias -, ela lista itens obrigatórios à LNB para organizar o NBB e a Liga Ouro 2019.

Um dos pontos principais da disputa é divergência sobre a Justiça Desportiva. Incomodada com a forma como a confederação anunciou seu campeonato nacional, a Liga comunicou à CBB, por ofício, a criação de seu próprio tribunal. No entender da LNB, existem "constantes dificuldades de atuação" no STJD do basquete, o que tem atrapalhado as competições.

Nesse ofício de outubro que o Olhar Olímpico teve acesso, a Liga ainda citou atrasos de mais de cinco meses, causando prescrição das denúncias.

Em 11 de dezembro, também em ofício ao qual o blog teve acesso, a confederação respondeu informando a liga sobre "o distrato imediado do Termo de Cooperação e qualquer outro documento que trate sobre o tema em questão" (o campeonato brasileiro) e avisando que não abriria mão do STJD. O resultado deste rompimento foram as exigências divulgadas nesta quinta.

O blog procurou CBB e LNB para comentar o racha no basquete nacional. Através de porta-voz, a confederação minimizou a portaria divulgada e afirmou que todos os itens publicados foram definidos em acordo com a liga.

Já a LNB, em nota, disse que "lamenta que a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) tenha tornado pública uma discussão interna sobre divergências de visão sobre o basquete brasileiro que deveriam ser tratadas diretamente entre as entidades".

"Com relação ao posicionamento da LNB sobre o assunto, o mesmo está expresso de forma clara no referido ofício enviado à CBB", completou a Liga.

Com Pedro Ivo Almeida
Do UOL, em São Paulo

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.