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Olhar Olímpico

Atletismo do Quênia promete medidas para evitar suspensão por doping

Demétrio Vecchioli

07/12/2018 14h30

Uma das principais potências do atletismo, o Quênia teme seguir o caminho da Rússia e também ser suspensa pela Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF). A razão é a mesma: a suspeita de um esquema de doping sistemático. Só nos últimos seis anos, mais de 50 atletas quenianos de elite falharam em exames antidoping, incluindo alguns dos maiores nomes do esporte.

Em julho, a IAAF anunciou detalhes da criação de um mecanismo que identifica países com maior potencial de ter atletas dopados. E o Quênia foi incluído no grupo de alto risco, junto com a vizinha Etiópia, com a Bielo-Rússia e com a Ucrânia, dois países com tradição esportiva associada à Rússia, que segue suspensa. Os atletas dessas quatro nações terão que ser testados ao menos três vezes fora de competição nos 10 meses anteriores a Mundiais e Olimpíadas.

A tendência natural é que, com mais testes, também sejam identificados mais casos de doping. E a ampliação da lista de atletas punidos, que já tem nomes como a atual campeã olímpica da maratona Jemimah Sumgong, poderia levar a comunidade internacional a ampliar a pressão sobre a IAAF para uma punição institucional.

Esse temor foi expresso nesta semana por Jackson Tuwei, presidente da federação queniana de atletismo, que admitiu que o Quênia está se movendo perigosamente para uma suspensão. "Apenas quatro países estão na "categoria A" e o Quênia é um desses. Por quatro anos nós estivemos na lista de observação da IAAF, mas fomos promovidos porque os atletas não ouviram os avisos contra o doping", criticou.

Mas não foi só isso. Ele também afirmou que alguns atletas têm recebido documentos com idade reduzida – os famosos "gatos" – para participarem de competições juniores. "Isso é um crime e não será aceito", afirmou.

Uma das iniciativas propostas por Tuwei é criar um mecanismo que proíba que atletas já suspensos por doping, mesmo ao fim da suspensão, sejam convocados pela federação nacional para representar o Quênia em competições como Mundiais e Olimpíadas. A medida, porém, já se provou ineficaz. Há farta jurisprudência na Corte Internacional do Esporte que veta esse tipo de "dupla punição".

Rússia

Também nesta semana, em reunião do conselho executivo da IAAF durante a premiação de gala da entidade, em Montecarlo, a entidade decidiu suspensão da Rússia para 2019. Na prática, isso significa que os atletas russos não poderão competir sob sua bandeira no Campeonato Europeu Indoor do ano que vem, em Glasgow, na Escócia.

Como vem acontecendo desde 2016, alguns atletas russos poderão participar da competição, mas como competidores neutros. A suspensão à federação russa de atletismo foi inicialmente aplicada em novembro de 2015, sendo nove vezes estendida desde então.  Agora, a expectativa, pelo que informou a IAAF, é que a punição possa ser derrubada quando o laboratório antidoping de Moscou volta de fato a funcionar.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.