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Olhar Olímpico

Prefeitura de SP faz Virada Esportiva menor e mais barata

Demétrio Vecchioli

01/12/2018 04h00

Virada Esportiva (divulgação)

A Virada Esportiva chega à sua 12ª edição neste fim de semana, na cidade de São Paulo, menor, mais barata e cada vez mais voltada para modalidades radicais e de luta, colocando para escanteio os esportes olímpicos. Praticamente a totalidade do R$ 1,4 milhão investido pela prefeitura paulistana em convênios é para realização de atividades radicais ou de artes marciais.

No ano passado, a gestão João Doria (PSDB) até abriu chamamento público para entidades interessadas em firmar convênios e executar projetos durante a Virada, reservando cerca de R$ 3 milhões para esses contratos. Dias depois, porém, Doria cancelou o empenho e determinou que a Virada fosse apenas uma aglutinadora de eventos organizados pela iniciativa privada, principalmente pelo Sesc. A prefeitura investiu R$ 203 mil em estrutura.

Para esse ano, a gestão Bruno Covas (PSDB) optou por adiar a Virada Esportiva, que historicamente acontece em setembro, alegando que não queria dividir atenção com as eleições. Com isso, a prefeitura perdeu seu principal parceiro no evento, o Sesc, que realiza a Semana Move no mesmo período, engrossando a lista de atividades da Virada. No evento deste fim de semana, o Sesc até vai participar, mas com apenas 21 atividades, a maior parte delas regulares – que acontecem toda semana.

Ano após ano, a Virada tem ficado mais enxuta. Em 2012, por exemplo, ela custou cerca de R$ 7 milhões, pelo que foi divulgado então pela prefeitura. Em 2015, o investimento já havia caído para R$ 5,1 milhões. Em 2016, pelo menos R$ 3,5 milhões, gastos em 15 convênios com entidades do terceiro setor.

Desta vez, a prefeitura diz que recebeu 49 propostas, das quais 25 foram aprovadas e se transformaram em 11 convênios, que somam R$ 1,4 milhão (R$ 1.393.050,83). Foram contempladas as seguintes entidades: Instituto Cades; Confederação Brasileira de Artes Marciais; a Liga de Esportes, Esportes Radicais e Recreativos (principal beneficiada); Federação Paulista de Karate; União Kem Kan de Karate; Associação Cultural Filhos da Corrente; Liga Nacional de Esportes a Motor; Federação Paulista de Esporte & Fitness; Associação de Esportes e Ação e Wellness. De todos os projetos aprovados, apenas dois não são de atividades radicais ou de artes marciais: ambos são de tênis, do Instituo Cades, e somam um investimento de R$ 60 mil.

Quase um terço de todo o investimento da prefeitura é para o principal polo da Virada, no Vale do Anhangabaú, que vai receber alguns equipamentos curiosos, como uma "Mega Tirolesa", que vai sair do Viaduto do Chá em direção ao Vale, e um slackline de cerca de 300 metros entre o prédio da CET e a sede da Prefeitura.

Além do centro, a Virada terá outros nove polos, no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa, Parque das Bicicletas (ambos na região do Ibirapuera), Sambódromo, Praça Heróis da FEB (na Zona Norte), Centro Esportivo Tietê, Centro de Esportes Radicais (na pista oposta do Sambódromo da Marginal Tietê), Chácara do Jockey (Zona Sul), Parque Ceret (Zona Leste) e Avenida Sumaré (zona Oeste). Também estão programadas atividades nos centros esportivos e nos CEU's.

Empresas privadas também terão atividades próprias. A prefeitura lista que conta com o apoio de Adidas, Nike, Mizuno, Sagaz, Hospital Israelita Albert Einstein, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, mas não informou, ao Olhar Olímpico, qual o investimento esperado dessas empresas.

Como já vem acontecendo com mais frequência nos últimos anos, a Virada perdeu o modelo de "virada" e não dobra mais a noite. Agora, a programação dos polos é apenas com o dia claro – das 8h às 18h, tanto no sábado quanto no domingo. Na madrugada, apenas três "corujões". O de vôlei, no Centro Olímpico, será voltado exclusivamente para o público LGBT. (Jose Cordeiro/SPTuris)

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.