Após Canadá, plebiscitos já mostram placar de 9 a 0 contra Olimpíada
O movimento olímpico foi derrotado nas últimas nove vezes em que foram convocados plebiscitos para que seus cidadãos decidissem se queriam receber os Jogos Olímpicos. A última dessas derrotas aconteceu na terça-feira (13) em Calgary, no Canadá. Mais de 300 mil pessoas foram às urnas, e cerca de 54% delas manifestaram o desejo de que a cidade retirasse sua candidatura para receber a edição de 2026 dos Jogos de Inverno.
Os referendos têm sido cada vez mais comuns, provocados por líderes políticos que se opõem aos Jogos e aos custos envolvidos. O primeiro da série aconteceu em 2013, em Oslo, quando a maior parte da população da capital norueguesa apoiou a candidatura para a Olimpíada de Inverno de 2022. Depois, porém, diversos partidos importantes, do Conservador ao Socialista, anunciaram oposição ao projeto, que perdeu maioria legislativa e acabou enterrado.
Desde então, as urnas passaram a mostrar uma oposição aos Jogos, como mostrou o próprio processo de seleção da Olimpíada de 2022. Setenta por cento dos poloneses de Cracóvia rejeitaram a candidatura. Em St. Moritz e Davos, na Suíça, o placar foi mais apertado: 52% x 48%. Em Munique (Alemanha), a diferença foi de apenas 2,8 pontos percentuais.
Naquele momento, entre 2013 e 2014, o COI convivia com duas futuras cidades-sedes que frequentavam o noticiário internacional por problemas na execução de obras. Para a Olimpíada de Sochi-2014, o governo russo investiu US$ 55 bilhões, um aumento de 347% na previsão inicial, de acordo com estudos do pesquisador alemão Martin Müller. A Rio-2016 saiu bem mais barata, por cerca de US$ 13 bilhões, mas até então os organizadores conviviam com a desconfiança em torno de atrasos e suspeitas de superfaturamento.
Mas o caminho acabou se tornando sem volta. Quando a eleição para a sede dos Jogos de Inverno de 2022 aconteceu, havia só duas candidatas: Pequim (China) e Almaty (Cazaquistão). O Comitê Olímpico Internacional (COI), que defende um rodízio de continentes, teve que se contentar em fazer dois Jogos de Inverno seguidos na Ásia – o último aconteceu na Coreia do Sul.
O problema se repetiu na escolha seguinte, para os Jogos de Verão de 2024. Em Hamburgo (Alemanha), 51,6% dos habitantes votaram contra os Jogos. Budapeste (Hungria) levou a candidatura quase até a votação, rejeitando convocar referendos, mas sucumbiu à pressão popular contrária à Olimpíada. Em Roma (Itália), o recado foi dado na eleição municipal, que elegeu a outsider Virginia Raggi, que tinha como uma das bandeiras de campanha a retirada da candidatura.
Sobraram só Los Angeles (indicada pelos EUA depois que a cidade de Boston votou contra a candidatura) e Paris (França), que acabaram ficando, respectivamente, com o direito de sediar os Jogos de 2028 e 2024. Ou seja: o COI já antecipou um processo de candidatura, ciente de que teria problemas para achar cidades interessadas nos Jogos de 2028.
Problema que está claro na escolha por uma sede pelos Jogos de Inverno de 2016. Antes de Calgary, também a cidade suíça de Sion havia votado contra a candidatura – uma rejeição de 53%. Na Áustria, Graz retirou seu nome da lista de candidatas logo depois de um plebiscito ser convocado. O resultado, afinal, já era previsto – antes, os moradores de Innsbruck haviam recusado a candidatura.
Assim, o COI só têm duas candidaturas ainda vivas. Uma delas, italiana, de Milão/Cortina d'Ampezzo, financiada pelos governos regionais da Lombardia e de Veneto. Turim chegou a chegou a fazer parte da candidatura, mas acabou se retirando. Também Estocolmo, capital da Suécia, quer receber a competição. A escolha vai acontecer em junho de 2019.
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