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Olhar Olímpico

Técnico de Isaquias não resiste à luta contra câncer e falece aos 52 anos

Demétrio Vecchioli

11/11/2018 17h34

Trabalho de Morlan no Brasil rendeu três pódios ao país na Rio-16 (Zanone fraissat/Folhapress)

Faleceu neste domingo, em Belo Horizonte (MG), o técnico espanhol Jesús Morlan, de 52 anos, que foi o  responsável por fazer de Isaquias Queiroz um dos grandes nomes do esporte brasileiro e revolucionar a canoagem velocidade no país. Diagnosticado com câncer cerebral em novembro de 2016, ele lutou dois anos contra a doença.

A morte foi informada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), que o contratou para trabalhar como técnico da seleção brasileira de canoagem velocidade em 2013, assim que Isaquias surgiu como esperança de bons resultados na Rio-2016.

Ex-treinador de David Cal, maior medalhista da história da Espanha em Jogos Olímpicos, Morlán revolucionou a canoagem brasileira, levando Isaquias Queiroz, sozinho e em dupla com Erlon de Souza, a ganhar três medalhas na Rio-2016, sendo duas de prata e uma de bronze. Ali, Isaquias se tornou o maior multimedalhista brasileiro de uma só edição dos Jogos. Em Mundiais, Isaquias e Erlon somam 10 medalhas.

O presidente do COB, Paulo Wanderley Teixeira, lamentou profundamente o falecimento de Morlán. "Nos deixou hoje uma pessoa insubstituível. Mais do que a perda de um excelente profissional, com uma competência diferenciada, que realizava um trabalho em alto nível defendendo a canoagem brasileira e liderando um projeto de sucesso, com uma metodologia criada por ele que gerou inúmeras conquistas esportivas para o esporte olímpico do nosso país, perdemos também um ser humano que conduzia seu trabalho sustentado na ética e nos valores morais e pessoais que acreditava", disse.

Também via assessoria de imprensa, o diretor de esportes do COB, Jorge Bichara, com quem Morlán trabalhava diretamente, exaltou o trabalho do treinador. "Jesus sempre demonstrou uma atenção e preocupação enorme com o bem estar das pessoas que o cercavam e especialmente com a vida familiar e o futuro dos atletas que treinava. Lutou bravamente contra uma doença muito agressiva e sempre nos pediu para continuar orientando e liderando o time, e fazendo o que o deixava mais feliz … e assim o fizemos", disse Bichara.

A esposa de Jesús Morlán, Tania Ospina, que mora na Colômbia, chega ao Brasil neste domingo para a cremação do corpo de Jesus. As cinzas serão levadas para a Colômbia, como era o desejo do treinador. O COB decretou luto oficial por três dias e terá sua bandeira hasteada a meio-mastro neste período.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.