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Olhar Olímpico

Brasil flerta com bronze, mas erra muito nas paralelas e termina em 7º

Demétrio Vecchioli

30/10/2018 12h10

Time brasileiro de ginástica artística (RicardoBufolin/PanamericaPress/CBG

A seleção brasileira feminina de ginástica artística deixou o torcedor sonhar. Chegou ao seu último aparelho flertando com uma inédita medalha de bronze por equipes no Mundial de Doha (Qatar), talvez até uma prata. Precisava só repetir o desempenho das eliminatórias nas barras assimétricas. Mas as três apresentações, de Jade Barbosa, Flávia Saraiva e Rebeca Andrade, foram ruins. O que poderia ser um bronze, que traria de brinde uma vaga olímpica, acabou virando um decepcionante sétimo lugar.

Por conta dessas três falhas, o Brasil passou longe de repetir o desempenho da classificação nas barras, assim como uma queda de Jade atrapalhou o resultado na trave. No solo e no salto, melhorou um pouco. Terminou com um total de 159,830 pontos, contra 162,396 da China. Com a nota da classificação, 162,529, a equipe brasileira teria ficado com a medalha de bronze, muito perto do segundo lugar. Os Estados Unidos de Simone Biles ficaram com o ouro e a Rússia com a prata.

Esta foi apenas a terceira vez que o Brasil fez final por equipes na ginástica feminina. A última havia sido em 2007, quando o time que tinha Lais Souza, Daniele Hypolito, Daiane dos Santos e Jade Barbosa terminou a competição em quinto. Dez anos depois daquela competição, quando foi bronze no individual geral, Jade continua no time, agora acompanhada de Flávia Saraiva, Rebeca Andrade, Thais Fidelis e Lorrane Oliveira.

Veterana aos 27 anos, Jade recebeu a responsabilidade de abrir a apresentação do Brasil na trave, aparelho no qual a equipe sofreu na classificatória, e voltou a cair. Recebeu só 11,466. Depois, Rebeca e Flávia não fizeram grandes apresentações, mas foram melhores do que nas eliminatórias, com 13,300 e 13,600.

O aparelho seguinte para o Brasil foi o solo, onde as apresentações foram sem falhas graves para Jade, Flávia e Thais, praticamente repetindo o bom desempenho da classificação. No salto, tanto Jade quanto Flávia foram muito bem, enquanto Rebeca, a última a se apresentar, deu show. Com nota 14,633, ela melhorou o desempenho das classificatórias e reforçou que tinha condições de brigar com medalha no aparelho – por decisão técnica, Rebeca não fez dois saltos nas eliminatórias, exigência para tentar vaga na final.

Encerrada a terceira rotação, o Brasil estava no terceiro lugar. Bastava repetir o desempenho da classificação nas paralelas assimétricas para garantir o bronze. Mas a apresentação ruim de Jade nas barras jogou fora qualquer expectativa. Ela recebeu 12,233, piorando mais de um ponto o desempenho das eliminatórias.

Apesar de uma apresentação ruim no domingo, quando teve sua nota descartada no aparelho, Flávia foi escalada para se apresentar no lugar de Lorrane Oliveira. E, mais uma vez, decepcionou, com 12,466 – Lorrane fez 13,166 na classificação. Quando Rebeca Andrade se apresentou, já não havia nenhuma chance de medalha para o Brasil. Menos mal, porque ela também caiu do aparelho.

Na segunda-feira, o Brasil já havia disputado a final por equipes masculina, terminando na sétima colocação com Arthur Zanetti, Arthur Nory, Lucas Bittencourt, Chico Barretto e Caio Souza. Esta foi a quarta final consecutiva por equipes do time masculino brasileiro, depois de ser sexto em 2014, sétimo em 2015 e sexto novamente na Olimpíada Rio-2016.

Na quarta, Caio Souza disputa a final do individual geral. Um dia depois, na quinta, Jade e Flávia fazem a versão feminina desse final. Depois, entre sexta e sábado, serão realizadas as finais por aparelhos. Aí o Brasil terá Flávia no solo, Caio no salto e Arthur Zanetti, favorito a medalha, nas argolas.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.