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Olhar Olímpico

Ginástica encara Mundial em Doha como 'porta de entrada' para Tóquio-2020

Demétrio Vecchioli

24/10/2018 04h00

Seleção brasileira feminina que disputa o Mundial de Ginástica

Os Jogos Olímpicos de Tóquio começam nesta quinta-feira para a ginástica artística brasileira. Praticamente com força máxima, as seleções masculina e feminina disputam o Mundial de Doha, no Catar, tendo como foco o resultado por equipes. Os três primeiros de cada naipe se garantem em Tóquio-2020, assim como os demais times, até o 24º colocado, carimbam vaga no Mundial do ano que vem, na Alemanha, esse sim determinante na disputa por classificação para o Brasil.

 

A competição em Doha é a primeira por equipes neste ciclo olímpico, depois de um Mundial esvaziado em 2017 – é sempre assim nos anos pós-olímpicos. Tradicionalmente na ginástica é no meio do ciclo que cada equipe começa a mostrar o que tem para apresentar pensando na Olimpíada seguinte, com caras novas e manutenção de um ou outro atleta.

No caso da seleção brasileira, a renovação é mínima. O time feminino tem Flávia Saraiva, Lorrane Oliveira, Rebeca Andrade e Jade Barbosa, praticamente repetindo a equipe da Rio-2016. Daniele Hypolito se machucou durante a preparação e fica de fora. Sua convocação, porém, era incerta. O quinto nome do time em Doha será Thaís Fidélis, eleita pelo COB a atleta do ano na ginástica artística no ano passado.

Já a equipe masculina terá Arthur Nory, Arthur Zanetti, Francisco Barretto, Caio Souza e Lucas Bitencourt. Os três primeiros estiveram na Rio-2016, enquanto os dois últimos foram reservas na Olimpíada. Medalhista em 2016, Diego Hypolito vem sofrendo com lesões há dois anos, enquanto que Sergio Sasaki só recentemente voltou à ginástica. As novidades são só os reservas: Anna Júlia Reis e Leonardo de Souza.

No total, dos 10 titulares entre homens e mulheres, nove já fizeram finais em Mundial ou Olimpíada. E a meta é conseguir ampliar esse número. "Nosso grande grande objetivo é avançar para mais finais. No Rio o Brasil fez 11 finais, que resultaram em resultados expressivos, três medalhas. Para chegar ao pódio a gente precisa primeiro estar nas finais", explica Henrique Motta, chefe de delegação e coordenador geral da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG).

Motta não trabalha com uma previsão numérica e argumenta que essa conta seria imprecisa. Afinal, são subjetivas comparações entre notas dadas em eventos com juízes diferentes, como o Campeonato Pan-Americano e o Campeonato Europeu, por exemplo. Só a competição dirá o que será possível alcançar.

No feminino, a CBG não pensa em medalhas por equipes e lembra que há 11 anos o Brasil não faz uma final nessa disputa. "A gente tem que ir passo a passo. A primeira possibilidade que a gente tem que traçar é avançar a uma final primeiro", diz Motta, comemora o fato de o time ter feito uma boa preparação, com cinco das principais ginastas do país estando aptas à convocação, ainda que Rebeca Andrade ainda não esteja 100% fisicamente. "A equipe tá muito bem preparada, nós estamos satisfeitos. Claro que o resultado é super relevante, mas a preparação também é muito importante".

Já entre os homens há expectativa principalmente sobre o resultado de Arthur Zanetti. Duas vezes medalhista olímpico nas argolas, ele ganhou o Brasileiro no salto e no solo, com resultados que poderiam, em tese, colocá-lo para ao menos disputar finais no Mundial. Mas Motta faz mistério sobre a estratégia. É que a classificatória é uma só e arriscar elementos difíceis, em busca de uma vaga em final por aparelho, pode causar erros e atrapalhar o resultado da equipe.

"Esse é o primeiro Mundial que a equipe tem seis atletas, não mais cinco. A gente precisa mais ainda que os atletas façam não somente poucos aparelhos. Quanto mais generalista o atleta for, mais chance tem de integrar a equipe. Então é importante contar com o Arthur ajudando nos três aparelhos", avalia Motta. A competição também marca o retorno de Arthur Nory, que não está 100% fisicamente.

O Mundial começa na quinta-feira, com as primeiras equipes masculinas. O Brasil entra na disputa na sexta-feira, às 14h de Brasília. Já o time feminino participa das eliminatórias no domingo, às 7h30. As finais começam na segunda-feira, por equipes, e vão até o sábado, sempre a partir das 10h.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.