Topo

Olhar Olímpico

Com um bronze só, Brasil faz Mundial de Judô medíocre

Demétrio Vecchioli

26/09/2018 16h00

Eric Takabatake leva golpe no Mundial de Judô

O "carro-chefe" do esporte olímpico brasileiro decepcionou no Mundial de Judô, realizado em Baku, no Azerbaijão. Faltando apenas a disputa mista por equipes (prova que será também disputada em Tóquio-2020), o Brasil conquistou apenas uma medalha, de bronze, com Érika Miranda. Nomes de peso como Mayra Aguiar, Rafael Silva, David Moura e Rafaela Silva passaram em branco. A maior parte dos 18 brasileiros convocados pela CBJ sequer conseguiu chegar à parte final de suas chaves, entre os oito primeiros.

O fracasso em 2018 contrasta com a boa campanha do Mundial passado, quando o Brasil foi ao pódio quatro vezes. Mayra, campeã em 2017, desta vez perdeu na segunda rodada, para a chinesa ZhenZhao Ma. Sem Teddy Riner, machucado, David e Baby sonharam com um título inédito. Mas David, prata no ano passado, caiu na segunda luta, para um rival do Uzbequistão. Rafael Silva, bronze em 2017, perdeu na estreia para um japonês.

Quem também não passou da estreia foi Rafaela Silva. Campeã olímpica, foi derrotada pela canadense Jessica Klimkait. Líder do ranking mundial e cotada como favorita ao pódio na categoria até 70kg, Maria Portela venceu uma luta e perdeu na segunda, para uma atleta de Porto Rico.

Todos os cinco são considerados pela CBJ e pelo COB como potenciais medalhistas em 2020. Mas quatro deles foram derrotados por atletas que sequer ao pódio chegaram – a exceção foi o algoz de Baby, que terminou com bronze. Sequer esse argumento pode ser usado, como ocorreu em outras oportunidades.

Apenas cinco brasileiros chegaram ao quatro final, entre os oito primeiros. Nesta quarta (26), Maria Suelen Altheman perdeu na semifinal para a cubana Ortiz, maior algoz de sua carreira, e depois, na decisão do bronze, para a turca Sayit. Estreante e promessa para 2020, Daniel Cargin também ficou em quinto na categoria até 66kg, derrotado pelo sul-coreano Baul An. Eric Takabatake, na até 60kg, terminou em sétimo – perdeu nas quartas de final, e depois, na repescagem.

As melhores notícias, porém, vieram de uma mesma categoria – o que não é necessariamente bom, porque na Olimpíada só há espaço para uma atleta por país. Na até 52kg, Érika Miranda e Jéssica Pereira disputaram o bronze entre elas, com vitória da veterana, que chegou à sua quinta medalha seguida em Mundiais: foi prata em 2013 e bronze em 2014, 2015, 2017 e 2018. Lembrando que em 2016, ano olímpico, não foi realizado Mundial.

Cargin e Jéssica foram as únicas apostas que se saíram bem. Gabriela Chibana (48kg) perdeu na segunda rodada, assim como Beatriz Souza (+78kg). Rafael Macedo caiu logo na estreia. Eduardo Yudi (81kg) até ganhou duas lutas, eliminando um mongol que é o quinto do mundo, mas parou nas oitavas de final.

(Essa foi só uma pausa nas férias, para não deixar de comentar o resultado do Mundial. Voltamos com a programação normal no dia 8 de outubro). 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.