Farmácias criticam Ceará após jogador pego no doping alegar contaminação
Como virou praxe no esporte brasileiro, mais um atleta flagrado em exame antidoping alegou que a substância proibida entrou em seu organismo via suplemento alimentar contaminado. Mas, desta vez, a defesa do jogador Pedro Ken, do Ceará, foi além. Em julgamento do Tribunal de Justiça Antidopagem, na segunda-feira (30), alegou que no mesmo dia que uma determinada farmácia produziu os suplementos do meia, também fez outra receita que levava a substância proibida. E que isso deveria servir para inocentá-lo.
O tema, levantado por reportagem do UOL Esporte, gerou resposta da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), que disse que a contaminação é uma tese "extremamente improvável". "A entidade deixa explícita a indignação quanto a qualquer alegação de que exista risco indiscriminado no setor de farmácias de manipulação. Contaminações acidentais são uma hipótese extremamente improvável, haja vista o rigor sanitário ao qual o setor está submetido", informou a Anfarmag, em nota.
Nos últimos anos, diversos atletas brasileiros flagrados em exames antidoping alegaram que haviam consumido suplementos alimentares contaminados, sempre produzidos em farmácias de manipulação. Mas a entidade patronal dessas farmácias reclama não ser ouvida para rebater a tese. "Diante disso, a Anfarmag está à disposição de autoridades esportivas para esclarecer qualquer dúvida que reste em relação aos processos de obtenção do produto e do medicamento manipulado."
Especificamente sobre o anastrozol, substância encontrada no corpo de Pedro Ken durante um exame antidoping feito no ano passado, a Anfarmag lembra que, por ela ter ação anabolizante, é preparada necessariamente com utensílios próprios. "Em cabines dedicadas, com isolamento, condições de temperatura e pressão próprias e sistema de exaustão específico" que impede qualquer contato entre as substâncias utilizadas dentro dessas cabines com o ambiente externo", explica a entidade.
"É, portanto, fisicamente inviável que haja contato acidental desses medicamentos com suplementos de qualquer natureza", continua a Anfarmag. A decisão sobre o caso de Pedro Ken deve ficar para o fim de setembro, ou outubro. O jogador já cumpriu seis meses de suspensão, que acabou no dia 20, mas a procuradoria entrou com recurso para ampliar a pena para dois anos, enquanto o Ceará quer inocentá-lo.
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