Atletas de seleção se unem e criam o "Bom Senso FC" do handebol

Cinco anos depois de os jogadores dos principais clubes de futebol do país criarem uma entidade para reivindicar uma série de mudanças na modalidade, agora chegou a vez de a elite do handebol no país seguir no mesmo caminho. Nesta semana, eles lançaram o Movimento Atletas pelo Handebol, que começa pedindo duas mudanças "urgentes": renovação da diretoria da CBHb e "modernização da estrutura administrativa mediante uma reforma de estatuto".

Assim como no Bom Senso FC, movimento que ganhou visibilidade no futebol em 2013, o Atletas pelo Handebol também se mobiliza pelas redes sociais. Desde segunda-feira circulam em grupos da modalidade uma mensagem que explica que o movimento "tem como objetivo a restauração de um ambiente esportivo latente e virtuoso no Brasil", cobrando que a CBHb tenha "uma gestão transparente, idônea e profissional, com a participação de todos os grupos de interesse do esporte".

"Somos um grupo independente, representado por atletas que hoje vivem da prática do esporte, porém sem dependência financeira ou política de qualquer federação ou da CBHb", reforça o grupo, que não tem caráter sindical – ou seja, não atua por melhores condições de trabalho. O modelo é advocacy: eles defendem mudanças nas estruturas de poder.  "Estamos olhando para o futuro do esporte, e queremos estar no centro de futuras ações que beneficiem todos os atletas profissionais da nossa modalidade."

Para unir a comunidade do handebol, o movimento pulverizou mensagens em grupos de Whatsapp e em redes sociais como o Instagram, o Facebook e o Twitter. Para o Whatsapp, atletas como a goleira Babi e a ala Duda gravaram mensagens pedindo que as pessoas entrem no site do movimento e assinem uma petição.

O handebol foi afetado por denúncias de corrupção ainda no fim de 2016, quando a ESPN publicou uma série de reportagens apontando suspeitas de fraudes na organização do Mundial Feminino de 2011. Em abril passado, essas mesmas denúncias fizeram a Justiça Federal do Distrito Federal determinar o afastamento do presidente Manoel Oliveira – antes de ser oficiado, ele pediu afastamento alegando questões de saúde.

Foi também nessa época que o Banco do Brasil anunciou que não renovaria o patrocínio à confederação e que a Hummel voltou atrás da decisão de se tornar fornecedora de material esportivo. Só depois de a CBHb se ver sem recursos para manter a preparação prevista para as seleções é que os principais atletas do país falaram publicamente sobre as denúncias de um ano e meio antes, exigindo a renúncia de Manoel. Até agora não conseguiram o que queriam.  Em julho a CBHb ainda foi alvo de uma operação da Polícia Federal.

Outro lado

Em nota, o presidente em exercício da confederação, Ricardo Luiz de Souza, aliado político de Manoel Oliveira, disse que está aberta à comunidade do handebol, mas reclamou que só tomou conhecimento do movimento pelas redes sociais.

"Entendemos que todo movimento é legítimo, e para a democracia é salutar, porém para esta mesma democracia ser concretizada de forma efetiva precisamos estar atentos às informações, aos processos sociais, econômicos e legais, como também estarmos atentos às nossas responsabilidades enquanto participes de um processo que é de mão dupla, onde todos que o compõem são importantes dentro das suas particularidades e especificidades, mas nunca perdendo de vista a coletividade. A CBHb está e sempre estará aberta para toda a comunidade do handebol e a toda sociedade de uma forma geral, pois nossa missão é gerir o handebol brasileiro para e com todos".