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Olhar Olímpico

Sasaki volta à ginástica após frustração na Rio-2016 e dois anos sumido

Demétrio Vecchioli

28/08/2018 16h44

Sasaki realizou exames e já treina com a equipe no Minas (Foto: Ignácio Costa/MTC)

Quem tentou encontrar Sergio Sasaki nos últimos dois anos deu com os burros n'água. Nono colocado no individual-geral e fora da final do salto por uma vaga, o ginasta desapareceu dos círculos esportivos. Mudou de telefone e reduziu drasticamente a frequência nas redes sociais. Foram dois anos sabáticos, encerrados nesta terça-feira (28), quando ele foi anunciado como novo contratado do Minas Tênis Clube.

Em conversa por telefone com o Olhar Olímpico, foi arredio. Confirmou que estava havia dois anos sem treinar, mas deixou claro que não queria falar sobre esse período sabático. "Às vezes você precisa de um tempo. Descansei, curti a família, pessoas que eu não via há muito tempo. Foram quase três ciclos seguidos treinando. Ninguém é de ferro", argumentou Sasaki, de 26 anos, informando que fez pouca atividade física durante o período.

Ao contar da decisão de retornar, mudou a versão três vezes. Disse primeiro que foi procurado pelo Minas, depois se corrigiu para afirmar que clube e ginasta "conversaram" e, por fim, revelou que na verdade foi ele quem procurou os mineiros. "Faz um tempinho. Faz bastante tempo. Eu já tinha um contato com alguns departamentos do Minas e aí então começou uma conversa", explicou. Confirmou que essa conversa foi no ano passado, mas não respondeu se, por ele, teria voltado antes à ginástica.

"O Minas nunca foi uma opção, sempre foi uma escolha", alegou. Seu último clube foi, oficialmente, o Vasco da Gama, que na verdade apenas lhe ofereceu um uniforme e um salário, enquanto usava o CT do COB, no Rio. Dispensado do Flamengo em 2013, passou a treinar de favor no ginásio do Pinheiros junto com Petrix Barborsa, Diego Hypolito e Caio Souza. Os dois primeiros, depois, aceitaram proposta para se transferir para São Bernardo do Campo.

Assim como Petrix, preferiu continuar desempregado. Cinco anos depois, o colega revelou o motivo: havia sido, na infância, uma das vítimas dos abusos sexuais supostamente cometidos pelo técnico Fernando de Carvalho Lopes. Sasaki também teve Fernando como seu descobridor e primeiro técnico, mas nunca foi encontrado pela reportagem para comentar a polêmica.

Nesta terça-feira, por telefone, se recusou a falar sobre o tema. "Se você quiser falar de ginástica, tudo bem. Eu não tenho nada a falar sobre isso", argumentou, para depois passar o telefone adiante, ao assessor de imprensa do Minas. Mandou avisar que não topa falar sobre o ex-técnico.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.