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Olhar Olímpico

Cielo surpreende, ganha os 100m livre no Finkel e desaba em choro

Demétrio Vecchioli

26/08/2018 19h21

Cesar Cielo comemora vitória nos 100m livre (Satiro Sodré/SSPress/CBDA)

Cesar Cielo está de volta. Aos 31 anos, provavelmente no último campeonato nacional da carreira, o veterano venceu os 100m livre no Troféu José Finkel e ficou perto de uma vaga no Mundial de Piscina Curta, que será realizado em dezembro, na China. De forma inesperada, a volta por cima veio em uma prova na qual ele não era cotado sequer para ir ao pódio e em que a expectativa estava toda sobre a nova geração. A felicidade foi expressa em forma de um choro incontido ainda na piscina.

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"Todos já me viram chorando com a medalha olímpica e, hoje (domingo), estou chorando de novo aqui no José Finkel, para você ver a importância do que é isso para mim. Pode ser meu último Campeonato Brasileiro. Isso faz a gente pensar em tudo que passou para chegar aqui e bater na frente. É algo que mexe muito com o atleta. Particularmente, eu estou muito emocionado com o que aconteceu aqui hoje", disse em entrevista à TV CBDA, paralisada para mais um choro.

Na mesma piscina em que estabeleceu o recorde mundial dos 50m livre, no Pinheiros, mas desta vez nadando num campeonato disputado nas raias de 25 metros, Cielo ficou a seis centésimos de fazer o índice para o Mundial, vencendo com 46s83. O que não quer dizer muito.

A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) vai convocar 20 atletas, independente de índices de tempo, que na verdade só valem para as provas não-olímpicas (50m borboleta, costas e peito). As demais vagas serão ocupadas pelos donos dos melhores índices técnicos, com limite de dois por prova. Após três de cinco etapas, são sete atletas garantidos e outros três à frente de Cesão, que ainda nada os 50m livre.

Nos 100m, neste domingo, Cielo deixou para trás Marcelo Chierighini (46s99) e Matheus Santana (47s00), que voltou a nadar em grande nível e ganhou bronze. Hegemônico na distância nos últimos torneios nacionais, Gabriel Santos ficou só em quarto, enquanto Pedro Spajari decepcionou em sexto. Na sexta, no revezamento, Cielo havia feito parciais piores que as de Gabriel e Pedro, seus colegas de equipe.

Como a temporada em piscina curta está apenas começando, a referência são as marcas de edições anteriores do Mundial. Assim, Cielo seria quarto no Mundial de 2016, que foi bastante esvaziado – ou sexto no de 2014, que ele mesmo venceu.

Entre as mulheres, Larissa Oliveira se garantiu no Mundial. Mostrando-se recuperada de um acidente automobilístico que quase encurtou sua carreira, bateu novo recorde sul-americano dos 100m livre: 52s45. A marca foi dois centésimos abaixo do índice exigido pela CBDA e faria dela sexta no Mundial passado.

Bons resultados

Como esperado, a etapa deste domingo do Finkel foi a de melhor nível técnico. E rendeu o grande resultado do torneio até aqui, de Etiene Medeiros, nos 50m costas: 25s95. Seria o suficiente para ser prata no Mundial do ano passado. É que o ouro ficou exatamente com Etiene, que na ocasião marcou 25s82. Ela é a atual bicampeã mundial em piscina curta da prova, além de recordista mundial.

Guilherme Guido não ficou atrás. Venceu com 22s68, novo recorde sul-americano e tempo que o faria campeão mundial no ano passado.

Na versão feminina dos 50m peito também teve recorde sul-americano, de Jhennifer Conceição: 30s00, cravados. Três dias depois de uma desgastante viagem de mais de 24 horas desde Samara (Rússia), onde disputou o Mundial Militar, a atleta do Pinheiros registrou marca que faria dela quinta colocada no Mundial de Piscina Curta de 2016.

Felipe Lima também foi bem. Marcou 26s00, ficando a dois centésimos do resultado que fez dele bronze no Mundial passado. Assim como Etiene e Guido, se garantiu na competição deste ano, na China. Jhennifer, por sua vez, está fora. Precisava de 29s88 e não pode ser convocada por critérios técnicos, porque a prova não é olímpica.

Depois de vencer os 100m borboleta na sexta e os 200m medley no sábado, neste domingo Vinicius Lanza ganhou os 200m borboleta com mais uma ótima marca: 1min51s00, tempo melhor do que do quarto colocado do Mundial de 2016. Ele já estava garantido na China pelo resultado dos 200m medley. Agora, ganhou a companhia de Luiz Altamir Melo, que chegou em segundo com 1min51s54, 14 centésimos abaixo do exigido.

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.