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Olhar Olímpico

Ágatha e Duda são campeãs do Finals e salvam temporada brasileira na praia

Demétrio Vecchioli

19/08/2018 12h10

Duda e Ágatha faturam Finals de Hamburgo e cheque de US$ 150 mil

No último suspiro, a temporada do vôlei de praia brasileiro acabou salva. O evento mais importante do ano, o World Tour Finals de Hamburgo (Alemanha) chegou ao fim neste domingo, com o título da Ágatha e Duda. Na decisão da chave feminina, elas venceram Hermannová e Sluková, da República Tcheca, e garantiram o prêmio de US$ 150 mil, o maior já distribuído no Circuito Mundial.

De forma geral, o ano foi atípico para o vôlei de praia do Brasil. Acostumado a faturar duas e até três duplas no pódio dos principais eventos, o país passou a ver medalhas nos grandes torneios como exceção. Nas três etapas de nível Major (Fort Lauderdale, Gstaad e Viena), o Brasil ganhou só três medalhas: uma prata e um ouro com Bárbara Seixas/Fernanda Berti e uma prata com Taiana/Carol Horta. Ou seja: todas no feminino.

No masculino a situação foi ainda pior, quase calamitosa. Em maio, Alison e Bruno Schmidt anunciaram o fim da dupla campeã olímpica, o que gerou um efeito cascata e alterou a formação de todos os principais times brasileiros. Novas duplas foram formadas e elas passaram longe de vingar. A ponto de nenhuma se classificar para o Finals de Hamburgo, que reuniu as 10 melhores parcerias da temporada.

Nos três Major, o melhor resultado do Brasil foi um quarto lugar com Pedro Solberg/George nos EUA, em março. Já nas nove etapas de Grand Slam, de um nível inferior, mas também reunindo sempre os melhores do mundo (equivalente aos Masters 1.000 do tênis), foram só seis medalhas conquistadas, uma única de ouro, em casa, com uma dupla que logo depois acabou.

Entre as mulheres, em oito etapas (Doha não tem a chave feminina), o Brasil faturou dois ouros, quatro pratas e um bronze. Isso significa que, somando Majors e Grand Slams, entre homens e mulheres, no total de 23 chaves, o vôlei de praia brasileiro faturou 16 medalhas, sendo quatro de ouro. Em 2014, neste mesmo momento do ciclo olímpico passado, o resultado foi melhor: 17 medalhas em 19 torneios de Grand Slam (à época, o principal do circuito), sendo seis douradas.

Ainda é cedo para medir o impacto dessa queda de rendimento pensando nos Jogos Olímpicos de Tóquio. No feminino, apesar de todos os problemas, o Brasil ainda faturou o título geral do Circuito, com Ágatha e Duda, enquanto Maria Elisa e Carol Solberg estavam em terceiro até Hamburgo  com a segunda vaga brasileira no Finals, elas perderam na semi em confronto nacional e terminaram o torneio no quarto lugar. As duas duplas, hoje, brigam por duas vagas na Olimpíada com Maria Elisa/Carol Solberg.

No masculino, o sinal claro foi ninguém nem se classificar para o Finals, o que impacta financeiramente nas equipes. O time de maior potencial é Alison/André, prata no último Major da temporada, em Moscou. Mas Vitor Felipe/Evandro foi a nova dupla que mais conquistou resultados desde o troca-troca de maio. Pedro Solberg e Bruno Schmidt ainda não vingaram jogando juntos, o que pode acontecer a qualquer momento, enquanto Ricardo voltou ao circuito jogando com Guto e garantiu uma prata em Portugal. É um jogo aberto.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.