"Carro-chefe", vela brasileira volta do Mundial sem medalhas e preocupa
Terceira modalidade que mais rendeu medalhas olímpicas para o Brasil, a vela preocupa para os Jogos Olímpicos de Tóquio. No grande evento do ciclo, o Mundial de Classes Olímpicas, disputado em Aarhus (Dinamarca), o país não subiu ao pódio nenhuma vez. Essa foi a quinta edição desse Mundial, quadrienal, e a primeira que o Brasil não ganha medalha.
Ainda mais preocupante foi o fato de o país ter conquistado vagas olímpicas em apenas três classes: na 49erFX (com Martine Grael e Kahena Kunza), na Nacra17 (Samuel Albrecht e Gabriela Nicolino) e na Laser (João Pedro Souto). Nas outras sete, passou perto em duas (470 Feminina e Finn). E só. Como comparação, em 2014 o Brasil colocou seis barcos, em cinco classes diferentes, dentro da zona de classificação à Rio-2016 – na ocasião, o país tinha vaga garantida em todas as classes por ser o dono da casa na Olimpíada.
É verdade que desta vez pesou, na campanha, o fato de Martine Grael ter se afastado da 49erFX para participar da regata de volta ao mundo Volvo Ocean Race. Com pouco tempo de treino com Kahena Kunze, elas fecharam o Mundial em quarto lugar. Desde que a classe virou olímpica, é a primeira vez que elas ficam de fora do pódio na principal competição do ano – a dupla ganhou o ouro olímpico e no Mundial de Vela de 2014, além de três pratas em Mundiais de 49erFX, nos demais anos.
Cada vez mais, porém, a vela brasileira depende dos resultados das duas. Com exceção delas, já são cinco anos sem pódios em grandes competições, desde que Robert Scheidt ganhou o Mundial de Laser e Jorge Zarif faturou o de Finn, em 2013. Desde então foram realizados quatro grandes eventos em nove classes diferentes. Trinta e seis oportunidades desperdiçadas.
Em Aarhus, é verdade, houve uma evolução na comparação com os resultados de 2017, quando só Martine e Kahena conseguiram chegar entre as 10 primeiras de seu Mundial. Na Dinamarca, Samuel/Gabriela, dupla recém-formada na Nacra, terminou em quinto. João Pedro, o Caveirinha, garantiu o Brasil em Tóquio-2020 na Laser apesar do 19º lugar – é que a Laser distribuiu 14 vagas, ante oito na maior parte das classes.
Caveirinha viajou a Aarhus com apoio apenas parcial da Confederação Brasileira de Vela (CBVela) e do Comitê Olímpico do Brasil (COB), precisando pagar grande parte dos seus custos. Foi assim com boa parte da equipe, que não cumprira os requisitos básicos para receber o suporte. Um sinal de que as coisas não estão bem – nem esportivamente, nem financeiramente.
Entre os poucos barcos apoiados pela CBVela está o de Jorge Zarif, que chegou ao Mundial como líder do ranking mundial, agora treinado por Robert Scheidt. Mas o principal nome da vela masculina brasileira não passou de um 18º lugar – precisava ter ficado entre os oito primeiros para se garantir na Olimpíada. Ele ainda terá nova chance no Mundial do ano que vem e, depois, em uma seletiva sul-americana, onde a vaga será quase uma obrigação.
Na 470 Feminina, Fernanda Oliveira e Ana Barbachan terminaram no 14º lugar (a três colocações da vaga olímpica), enquanto Patrícia Freitas foi 20ª colocada na RS:X Feminina (a um lugar da vaga). Os dois barcos também foram apoiados pela CBVela. Nas demais classes, hoje o Brasil é apenas coadjuvante.
Ainda este ano, no mês que vem, a vela brasileira participa do evento-teste da vela na raia de Enoshima, no Japão, onde serão disputadas as provas olímpicas. Será a oportunidade de treinar para as condições que serão encontradas em 2020.
"O objetivo é a gente ter o primeiro contato com a raia de Enoshima. É o mesmo local da última Olimpíada no Japão (em 1964), de condições variadas. Pode ter de vento fraco a onda e muito vento. Inclusive com passagem de algum furacão, o que não é incomum no Japão. É importante ir para ter conhecimento das condições, testar nossas instalações e ver se funciona. No ano que vem, vamos com um planejamento de replicar exatamente o que vamos ter nos Jogos", afirmou Torben Grael, coordenador técnico da seleção.
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