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Olhar Olímpico

Revezamento brasileiro nada bem e herda ouro dos EUA no Pan-Pacífico

Demétrio Vecchioli

11/08/2018 10h51

O terceiro de quatro dias foi o melhor para a natação brasileira no Pan-Pacífico, principal evento da temporada 2018 na modalidade. Neste sábado, o revezamento 4x100m livre masculino do Brasil voltou a nadar muito perto dos Estados Unidos, bateu em segundo, mas herdou o ouro porque o time norte-americano mudou a ordem de nadadores – o que é irregular. Além disso, o jovem Vinicius Lanza foi bronze nos 1oom borboleta.

O resultado do 4x100m livre é importante porque essa é a principal esperança de ouro para a natação brasileira em Tóquio-2020. No ano passado, o time já havia faturado a prata no Mundial, fazendo uma prova parelha com os Estados Unidos. Agora, o desempenho se repete, apesar da renovação de metade do time: Cesar Cielo nem se classificou e Bruno Fratus se machucou antes do Pan-Pac e acabou cortado.

Além disso, o ouro apaga um desempenho ruim nas provas individuais. Depois de ser apenas o sétimo na final dos 100m livre, longe do que poderia entregar, Pedro Spajari fechou o revezamento com 46s94, mais de meio segundo mais rápido que o australiano Kyle Chalmers, campeão da prova individual. Mostrou que, se encaixar a prova, tem condições técnicas de brigar por medalha nos 100m livre em qualquer evento de grande porte.

Sempre regular, Gabriel Santos abriu a prova com 48s93, acima inclusive do que está acostumado. Quarto nos 100m livre, Marcelo Chierighini fez 47s62 e entregou para Marco Antônio Ferreira Júnior, que não foi bem. A marca 48s53 em largada lançada é alta. E aí veio Spajari para fechar em segundo, com 3min12s02, em resultado que valeu depois o ouro. A Austrália, rival por um lugar no pódio em Tóquio, fechou meio segundo atrás. Nadando em casa, o Japão fez 3min12s54.

Participam do Pan-Pacífico parte das principais equipes do mundo: Brasil, EUA, Austrália, Japão, Canadá, China (com um time B) e países periféricos na natação como Argentina e Equador. Paralelamente, disputou-se em Glasgow, na Escócia, o Campeonato Europeu. Lá, o ouro ficou com a Rússia, com 3min12s23, seguida da Itália, com 3min12s90. Ou seja: com marcas mais altas que do Brasil.

Lanza

Outro grande resultado para o Brasil em Tóquio (na piscina que receberá a competição de polo aquático da Olimpíada, não de natação) foi de Vinicius Lanza. Apontado como um dos grandes nadadores brasileiros para este ciclo, ele ganhou o bronze nos 100m borboleta. Fez 51s44 e ficou atrás só dos dois norte-americanos na final: o espetacular Caeleb Dressel (50s75, novo recorde do campeonato) e John Conger (51s32).

Lanza foi apenas dois centésimos mais lento do que seu resultado no Troféu Brasil, em abril, e ficaria em sexto numa hipotética soma dos resultados do Pan-Pacífico com o Europeu. Em Glasgow, o ouro foi para o italiano Piero Coia (50s64, também recorde do campeonato), a prata para o francês Mehdy Metella e o bronze para o britânico James Guy (51s42). Um dos astros da prova, Joseph Schooling, de Cingapura, porém, não nadou nenhum dos dois campeonatos.

O Pan-Pacífico ainda tem mais uma etapa, domingo, quando a principal esperança de medalha para o Brasil é os 50m livre, apesar da ausência de Bruno Fratus. As eliminatórias serão na noite deste sábado (pelo horário brasileiro), com as finais a partir das 6h30 de domingo. O Brasil tem Pedro Spajari, Marco Antonio Ferreira, Gabriel Santos e Marcelo Chierighini, mas as finais só comportam dois atletas por país.

Até aqui, o Brasil já tem quatro medalhas. Na quinta, João Luiz Gomes Junior foi bronze nos 100m peito e, na sexta, Leonardo de Deus ganhou a prata nos 200m borboleta. Assim, já igualou as campanhas de 2010 (uma prata, três bronzes) e de 2014 (um ouro, duas pratas, um bronze). Em 2006, ganhou só dois bronzes.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.