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Olhar Olímpico

João Gomes dá único bronze ao Brasil no primeiro dia do Pan-Pacífico

Demétrio Vecchioli

09/08/2018 11h39

(Shuji Kajiyama/AP)

A natação brasileira foi ao Pan-Pacífico, no Japão, com uma equipe bastante renovada, oito anos mais jovem do que aquela que esteve no Mundial do ano passado. Mas o melhor resultado no primeiro dos quatro dias de competição em Tóquio veio exatamente com o mais veterano da equipe: João Luiz Gomes Júnior, de 32 anos, que faturou o bronze nos 100m peito.

O resultado, porém, não deixa sensação de otimismo para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Principal evento da temporada para o Brasil, o Pan-Pac reúne também os melhores nadadores de EUA, Japão, China, Austrália e Canadá, além de países menos tradicionais, como a Argentina. Trata-se de metade da elite mundial. O restante está terminando de disputar o Campeonato Europeu, em Berlim, na Alemanha.

Assim, é importante uma análise em perspectiva considerando esses dois eventos. No Pan-Pacífico, João faturou o bronze com 59s60, atrás do japonês Koseki (59s08) e do australiano Packard (59s20). Na Europa, o britânico Adam Peaty bateu o recorde mundial (57s10) e foi seguido do também britânico Wilby (58s64) e dos russos Chupkov (59s06) e Prigoda (59s20).

Ou seja: hoje, o sexto melhor do mundo nada os 100m peito em 59s20. No ano passado, João chegou perto disso, com 59s24 na eliminatória do Mundial, mas não repetiu o tempo na semifinal. Mesmo assim, essa marca não serviria nem para tê-lo levado à final.

Os 100m peito tem dado resultados expressivos para a natação brasileira – Felipe França foi bronze no Pan-Pacífico de 2014, por exemplo – mas para isso continuar os brasileiros precisam acompanhar o ritmo de evolução mundial.

Os jovens

Ainda que as finais não tenham gerado outras medalhas – nem recordes – o dia não foi de todo ruim para a natação brasileira. Nos 200m livre, prova na qual o Brasil nunca havia conseguido mais que um sexto lugar em edições anteriores do Pan-Pacífico, Fernando Scheffer foi quarto. Agressivo, ele chegou a liderar a prova em sua última metade, mas perdeu força nos metros finais.

Ainda assim a marca de 1min46s12 é apenas quatro centésimos acima do recorde sul-americano, dele mesmo, registrado no Troféu Brasil deste ano, em abril. Em Berlim, esse resultado lhe daria a medalha de bronze no Europeu, o que significa que a temporada de grandes competições só registrou cinco resultados melhores que o de Fernando, que tem apenas 20 anos. No Pan-Pac, Luiz Altamir ainda foi oitavo, com 1min47s43 – resultado equivalente ao necessário para chegar a uma semifinal de Mundial.

Nos 400m medley, Brandonn Almeida ficou em sexto, com 4min14s53, seguido do novato Léo Santos (4min18s90), convocado para substituir o lesionado Bruno Fratus. Essa prova ainda não foi realizada no Europeu (a final é logo mais), mas a marca seria suficiente para que Brandonn repetisse o feito do ano passado, quando chegou à final do Mundial e terminou em sétimo. A briga por medalhas, porém, fica bem adiante – na casa de 4min09s, pelo menos.

Já nos 1.500m livre, Guilherme Costa não entregou o que dele se esperava. Terminou a prova no quinto lugar, com 15min03s40, mais de quatro segundos acima do seu recorde sul-americano, estabelecido no ano passado. No Europeu, todos os finalistas foram mais rápidos que ele e a briga pela medalha foi com marcas 20 segundos melhores. Pensando nos Jogos de Tóquio, o pódio ainda é algo bem distante. Ainda assim, também é o melhor resultado do Brasil nessa prova na história do Pan-Pac.

A única mulher brasileira a competir (das duas convocadas) foi Larissa Oliveira, que vacilou nas eliminatórias e não pegou final A nos 200m livre, mas nadou bem a final B com 1min58s80. Se tivesse feito essa marca nas eliminatórias do Pan-Pac ou do Europeu, teria pegado final. No Mundial do ano passado, ficaria a 0s14 de uma semifinal. Já é uma evolução na comparação com o 21º lugar de Manuella Lyrio naquela competição.

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.