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Olhar Olímpico

Brasil garante 2 vagas olímpicas e briga por 2 medalhas no Mundial de Vela

Demétrio Vecchioli

09/08/2018 12h38

Gabriela e Samuel, da Nacra, ainda brigam por medalha no Mundial. (PEDRO MARTINEZ/SAILING ENERGY/AARHUS 2018)

O Mundial de Vela já serviu para o Brasil assegurar duas vagas nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, com boas chances de uma terceira e a possibilidade de uma quarta, e ainda pode render duas medalhas ao país. A competição acaba no domingo na Dinamarca, mas algumas classes já estão definidas. Na 49erFX, por exemplo, Martine Grael e Kahena Kunze estão classificadas à medal race, em sexto lugar, e já asseguraram a participação em Tóquio, quando tentarão o bicampeonato olímpico.

A dupla ficou um ano praticamente sem velejar juntas, enquanto Martine participava da regata de volta ao mundo Volvo Ocean Race. Elas foram irregulares ao longo de todo o Mundial, cresceram nas duas regatas desta quinta (9) e chegam à medal race em sexto. Ainda têm chances de medalha porque estão a doze pontos das terceiras colocadas e a regata da medalha vale pontuação dobrada.

Na 49erFX havia oito vagas olímpicas em jogo no Mundial. Elas são do país, mas Martine e Kahena não têm rivais nacionais. Garantir a participação em Tóquio a dois anos do evento é importante porque a partir de agora elas podem começar a se preparar exclusivamente para as condições climáticas dos Jogos.

Brilho da classe mista

Mas o grande barco do Brasil em Aarhus é o de Samuel Albrecht e Gabriela Nicolino, na Nacra 17. Eles chegaram a liderar a competição ao longo desta quinta, mas estão agora no quarto lugar, a cinco pontos perdidos dos líderes. Faltam três regatas (de 14) para o fim da fase de classificação, além da medal race.

Na Laser, outra surpresa. A Confederação Brasileira de Vela (CBVela) e o Comitê Olímpico do Brasil (COB) decidiram não levar nenhum barco na classe e três brasileiros pagaram do bolso a viagem. Ainda bem. João Pedro Oliveira, o Caveirinha, terminou em 19º lugar e classificou o Brasil para os Jogos de Tóquio. Havia 14 vagas em jogo, mas apenas uma por país – cinco australianos terminaram à frente de João Pedro, por exemplo.

Isso não significa que a vaga olímpica será do Caveirinha, porém. Ela é do Brasil e será disputada também por outros concorrentes no Mundial de Laser de 2019. Quem chegar na frente leva, exceto se alguém ficar entre os três primeiros do evento-teste de Tóquio, em setembro. Na Dinamarca, Bruno Fontes foi 30º e Lucas Bueno terminou numa modesta 155º colocação.

Outros barcos

O Mundial de Vela tem 10 classes olímpicas, todas classificatórias a Tóquio, e o Brasil participa de todas elas, ainda que só em cinco com representantes bancados pela CBVela e pelo COB. Antes da competição, a expectativa era de obtenção de vagas nessas cinco. Mas em duas o Brasil já falhou.

A maior decepção veio com Jorge Zarif. Líder do ranking mundial da Finn e treinado no Mundial por Robert Scheidt, ele terminou o Mundial numa modesta 18ª colocação, a dez posições da vaga olímpica. Mas ele terá outras duas oportunidades, ainda: serão quatro vagas em jogo no Mundial do ano que vem e uma na seletiva sul-americana – única rival, a Argentina já está garantida na Olimpíada. A classe já tem seu novo campeão mundial: o húngaro Zsombor Berecz.

Havia boa expectativa também na 470 Feminina, em que Fernanda Oliveira tenta, com Ana Barbachan, vaga para sua quinta Olimpíada. Mas elas terminaram o Mundial no 14º lugar, a cinco pontos da vaga olímpica. A classe também já encerrou seu torneio em Aarhus, com título para as japonesas Kondo Yoshida e Miho Yoshioka. O Mundial do ano que vem distribuirá outras seis vagas e a seletiva sul-americana mais uma.

Na RS:X Feminina, outra classe na qual o COB e a CBVela investiram, Patrícia Freitas é a 22ª colocada faltando três regatas para o fim da fase de classificação. São 11 vagas em jogo, mas hoje ela é a 12ª do ranking considerando uma atleta por país.

Carlos Robles e Marco Grael estão em 20º na 49er, faltando duas regatas, mas as chances de vaga olímpica são apenas matemáticas. Na 470 Masculina, o Brasil teve dois barcos no Mundial. Geison e Gustavo terminaram em 34º lugar e Henrique e Felipe em 39º. Ambas as classes só terão quatro vagas em jogo no Mundial do ano que vem e, no âmbito sul-americano, há um barco argentino equivalente que deve disputar as vagas regionais. Assim, existe risco real de o Brasil não ir a Tóquio nessas duas classes.

A situação é mais complicada na RS:X Masculina, em que Breno Francioli é só o 71º do Mundial. Já na Laser Radial Gabriela Kidd terminou no 69º lugar. A boa notícia é que essa classe dá duas vagas pelos Jogos Pan-Americanos e tanto Canadá quanto EUA já estão em Tóquio.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.