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Olhar Olímpico

Brasil só perde no Mundial de Esgrima e preocupa para Tóquio

Demétrio Vecchioli

26/07/2018 12h50

Brasileiros da equipe de florete são eliminados do Mundial de Esgrima (divulgação)

Acabou nesta quinta-feira (26) para o Brasil o Mundial de Esgrima. E a delegação brasileira, que foi a Wuxi, na China, com 12, voltou sem trazer nenhuma vitória na mala. Os poucos brasileiros que chegaram à fase eliminatória, entre os 64 primeiros, foram derrotados logo no primeiro confronto. A competição não valeu pontos para o ranking olímpico, mas mostrou que a delegação em Tóquio-2020 tende a ser pequena.

A esgrima é dividida em três armas (florete, sabre e espada), o que gera seis chaves individuais e outras seis por equipes. Na competição de simples, primeiro há uma fase de grupos, em que cada esgrimista faz seis duelos. A partir desses resultados é definido quem vai direto à fase de de 64 avos de final (entre as 64 melhores) e quem ainda joga uma repescagem.

Pelo que mostrou no Mundial – e já havia indicado no Campeonato Pan-Americano, em junho – hoje o cenário realista aponta que o Brasil briga por vagas olímpicas no florete (por equipes, com mais chance no masculino, e no individual) e com Nathalie Moellhausen e Alexandre Camargo na espada. Algo além disso será surpresa.

Na China, a melhor campanha foi de Gabriela Cecchini, de 21 anos, que já foi medalhista em Mundial de base e hoje é 86ª do ranking. No florete, ela venceu cinco confrontos na fase de grupos e avançou direto à fase de 64 avos de final. Ali, perdeu da polonesa Martyna Jelinska por 15/14. Terminou na 41ª colocação.

Outros brasileiros pararam na mesma fase. Julien Baneux, nascido e criado nos EUA filho de belga com brasileira, terminou em 43º lugar no florete. Aos 22 anos, perdeu de Andrii Pogrebniak, da Ucrânia, por 15/13. Guilherme Toldo, responsável pela melhor campanha do Brasil na Rio-2016, foi atropelado pelo francês Enzo Lefort, por 15/6, e terminou em 51º lugar.

Já a italiana naturalizada brasileira Nathalie Moellhausen parou no 59º lugar na espada feminina, derrotada pela russa Violetta Kolobova por 15/11. Um resultado decepcionante para quem é a 23ª colocada do ranking mundial e foi prata em uma etapa da Copa do Mundo, também na China, no fim do ano passado – melhor resultado de um esgrimista brasileiro na história.

Sonhando com Olimpíada

Hoje, Nathalie é quem parece ter mais tem chances de conquistar uma vaga olímpica, ainda que o ranking olímpico só tenha início em abril do próximo ano. Em Tóquio-2020, pela primeira vez uma edição dos Jogos terá a disputa por equipes nas seis armas/gêneros – antes havia um revezamento, com quatro por vez. Cada chave individual terá três representantes de cada um dos oito países classificados por equipes, além de outros 10 atletas, sendo dois das Américas – um pelo ranking, outro saído de um Pré-Olímpico.

Por equipes, o Brasil sonha em se classificar no florete, tanto no masculino quanto no feminino. Mas, para isso, precisava ter feito campanhas melhores no Mundial, para subir no ranking e ter melhores chaveamentos nos torneios que vão valer para a corrida olímpica. Nas duas armas os EUA devem ficar entre os quatro primeiros do ranking olímpico, abrindo a vaga continental para o segundo das Américas.

No feminino, hoje o Brasil é 16º e está bem atrás do Canadá, sexto. No Mundial, o time brasileiro deu sorte ao vencer o Egito por W.O. na primeira rodada, mas caiu diante da Itália (depois vice-campeã), nas oitavas de final. Terminou no 14º lugar e não vai subir expressivamente no ranking.

No masculino, o Brasil, 17º do ranking, perdeu da Hungria (16ª) na estreia, nesta quinta, ainda na fase anterior à de oitavas de final. A boa notícia é que o Brasil está à frente de Chile (18º) e Canadá (19º) no ranking e os dois rivais também não passaram às oitavas. A má é que só quem ficar até o 16º lugar do ranking olímpico pode ter acesso à vaga continental.

Outros resultados

No Mundial, o Brasil ainda teve William Zeytounlian em 99º no sabre (Enzo Agresta, vale informar, se aposentou), o jovem Alexandre Camargo (19 anos) em 67º na espada, Bia Bulcão em 76º e Milena Chies em 99º lugar no florete, Karina Troise em 77º e Marta Baeza em 86º no sabre, e Henrique Marques em 66º e Heitor Shimbo em 69º no florete masculino.

De forma geral, o momento é ruim para a esgrima brasileira, dois anos depois de Nathalie e Toldo chegarem às quartas de final da Olimpíada do Rio. Em junho, no Campeonato Pan-Americano, nenhum brasileiro chegou ao pódio.

Em Cuba, Nathalie ainda foi quinta na espada e tanto Heitor Shimbo quanto Henrique Marques chegaram às quartas de final no florete. De resto, a maior parte dos brasileiros ficou fora das oitavas de final, com poucas exceções: Karina Trois em 15º no sabre, Athos Schwantes em 11º,  Alexandre Camargo em 12º e Bia Bulcão em 13º na espada, Gabriela Cecchini a nona e Guilherme Toldo o 12º no florete.

Por equipes, só as campanhas no florete salvaram o Brasil – bronze no feminino, prata no masculino. O país foi sétimo no sabre masculino e oitavo no feminino, e quarto na espada tanto masculina quanto feminina.

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.