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Olhar Olímpico

Vice-campeão do NBB, Shamell aguarda suspensão por doping desde fevereiro

Demétrio Vecchioli

04/06/2018 18h09

Shamell (Luiz Pires/LNB)

Com 40 pontos em uma única partida semifinal, o ala Shamell foi o grande responsável por levar o time de Mogi das Cruzes à final do NBB. Nos quatro jogos finais contra o Paulistano, ajudou com um total de 54 pontos, mas não conseguiu evitar o título do rival. Ao longo de todo esse tempo, porém, a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) segurava a informação de que Shamell foi flagrado em exame antidoping realizado em meados de fevereiro. De acordo com a Liga Nacional de Basquete (LNB), as partes foram informadas do resultado entre 7 e 10 de maio. Antes, portanto, da partida decisiva contra o Flamengo e, por consequência, antes da decisão do NBB.

Um fato curioso é que o resultado analítico adverso aconteceu em uma partida na qual o norte-americano não atuou. Titular absoluto do Mogi, Shamell não foi utilizado em uma vitória apertada sobre o Joinville, em casa, no dia 18 de fevereiro. Mesmo assim foi sorteado para fazer exame antidoping e testou positivo para betametasona, substância presente em remédios para asma e em produtos de combate a caspa.

Também chama atenção o fato de a ABCD só agora ter informado, em seu site, o resultado do exame de Shamell e que solicitou ao Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJDA) a suspensão preventiva do jogador. Como essa suspensão, porém, não foi julgada até agora, Shamell pôde jogar normalmente as finais, que acabaram no jogo quatro – se necessária, uma quinta partida seria jogada no fim de semana que vem. Assim, o norte-americano não precisou cumprir pena durante o NBB10.

Essa demora não é usual. Antes do resultado de Shamell, a ABCD já havia divulgado, por exemplo, que o zagueiro Adalberto havia sido suspenso preventivamente depois de ser flagrado em exame antidoping em março – um mês depois de Shamell, portanto. Situação semelhante passou outro jogador de futebol, Diogo Vitor, flagrado no fim de março e suspenso ainda em maio. Tainara, do handebol, caiu no doping em abril e desde a semana passada, pelo menos, cumpre suspensão.

De acordo com a LNB, durante o quase um mês em que o resultado foi mantido em sigilo para o público e para os rivais, Shamell pôde fazer sua defesa. "No prazo estabelecido e na forma da legislação vigente, a ABCD procedeu ao período de ampla defesa do atleta, inclusive com oportunidade de exame da prova B, o que dilata o prazo de conhecimento do resultado ao público. Isso porque neste período a divulgação não oficial de notícia a respeito do fato está impedida pela norma de proteção ao indivíduo, acarretando penalização ao infrator", disse a entidade, em nota.

Shamell é um dos jogadores mais importantes da história recente do basquete brasileiro. Primeiro por Limeira, depois no Pinheiros e agora no Mogi, jogou todas as 10 edições do NBB, sempre em destaque. Já anotou mais de 6 mil pontos e, na atual temporada, teve média de 15,45 pontos por jogo – foi o quinto maior cestinha.

Diferente do Campeonato Brasileiro de Futebol, por exemplo, no NBB não tem uma política ampla de controle antidoping. Na temporada passada, no NBB9, apenas 46 exames foram realizados. Isso significa que menos de um a cada cinco jogadores que atuaram no torneio foram testados.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.