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Olhar Olímpico

Técnica japonesa de 36 anos assume seleção masculina de judô

Demétrio Vecchioli

30/05/2018 17h06

A jovem Yuko Fujii, de apenas 36 anos, é a nova técnica da seleção brasileira masculina de judô. Parte da comissão técnica desde 2012, com os salários pagos pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), ela substitui Fulvio Miyata, que pediu demissão a hácerca de dois meses. Agora aposentado como judoca, Tiago Camilo era o preferido da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) para o cargo, mas não se disponibilizou a trabalhar em tempo integral para a equipe, como queria a CBJ.

Fujii é uma solução caseira, mas sua escolha é surpreendente. Há diversas críticas a respeito do trabalho dela dentro da comunidade do judô, principalmente porque, apesar de sua contratação, os brasileiros continuam distantes de conseguirem neutralizar a escola japonesa. Também criticada por ser pouco ativa no comando da equipe, quase uma auxiliar, agora ela ganha a confiança da CBJ para estar à frente de uma necessária renovação no time masculino.

Renovação que começa já pela convocação para o Mundial de Baku, no Azerbaijão, que será disputado em setembro. O time tem três nomes novos e de boa perspectiva para o futuro: Daniel Cargin (até 66kg, campeão mundial júnior em 2017), Rafael Macedo (90kg, campeão mundial júnior em 2014) e Eduardo Yudi (81kg, de 23 anos, que nasceu e cresceu no Japão e só recentemente passou a defender o Brasil).

Além deles, a convocação tem velhos conhecidos como David Moura, Rafael Silva (+100kg), Charles Chibana (66kg), Victor Penalber (81kg) e Eric Takabatake (60kg), além de Pehlipe Pelim (60kg), que tem 28 anos, mas vive a melhor fase de carreira e é o 13º do ranking mundial. A convocação beneficiou os nove brasileiros com mais pontos no ranking, independente da categoria.

Mas chama atenção o fato de a CBJ não ter convocado atletas das categorias até 73kg e até 100kg, as duas mais fracas do judô brasileiro nos últimos anos. Com isso, respectivamente deixou de fora Marcelo Contini, que tem 29 anos e é o 18º do ranking mundial, e o jovem Leonardo Gonçalves, de 22, 22º do mundo e que na terça-feira à noite foi ouro nos Jogos Sul-Americanos.

A decisão é polêmica porque, a partir dessa semana, os resultados já valem para o ranking olímpico e o Campeonato Mundial é o torneio que mais oferece pontos, que não são descartados. Ou seja: nas duas categorias, o Brasil abre mão da oportunidade de pontuar numa corrida olímpica que promete ser acirrada, uma vez que agora só os 18 primeiros do ranking mundial terão vaga – antes eram 22.

Feminino 

Entre as mulheres, a base da seleção brasileira é a mesma há três ciclos olímpicos e há pelo menos uma judoca bem ranqueada por categoria. A novidade é que, apesar de dois bronzes de Sarah Menezes em Grand Prixs nesta volta à sua categoria 48kg e do fato de Stefanie Arissa ser a brasileira mais bem ranqueada, a convocada foi Gabriela Chibana. Prima de Charles, Chibana vem de bons resultados em Lima (Peru) e Hohhot (Holanda), enquanto Arissa, que mora e treina no Japão, passou por dificuldades para bater o peso, não competiu esse ano e não está bem tecnicamente.

Érika Miranda (52kg), Rafaela Silva (57kg), Ketleyn Quadro (63kg), Maria Portela (70kg), Mayra Aguiar (78kg) e Maria Suelen Altheman (+78kg) estão mais uma vez convocadas, sendo Mayra a única brasileira líder do ranking mundial no momento.

As duas "dobras" serão nas categorias até 52kg, com Jéssica Pereira, de 23 anos, oitava do mundo, e na peso pesado, com Beatriz Souza, de 20, bronze no Mundial Júnior do ano passado e já a sétima do ranking mundial. Desafiantes de Érika Miranda e Maria Suelen Altheman, elas são as jovens com mais chances de quebrar a hegemonia das mais velhas e chegar a Tóquio.

Além dos 18 judocas que vão participar das chaves individuais, a CBJ também convocou outros três atletas para a competição mista por equipes, que agora também é olímpica. Foram chamados Marcelo Contini (73kg), David Lima (73kg) e Tamires Crude (57kg).

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.