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Olhar Olímpico

Em duas comitivas, Ministério do Esporte levará 10 membros à Copa

Demétrio Vecchioli

30/05/2018 04h00

Ministro Leandro Cruz recebe a insígnia da Ordem do Rio Branco das mãos do presidente Michel Temer

Ao menos 10 funcionários do Ministério do Esporte estarão na Rússia no período da Copa do Mundo, divididos em duas comitivas, em um total de mais de 100 diárias somadas no país. O grupo que acompanhará o ministro Leandro Cruz vai ficar no país-sede do Mundial entre os dias 14 e 23, para assistir a duas partidas da seleção brasileira. Depois, uma outra comitiva chegará à Rússia no dia 24, ficando lá por duas semanas e atuando na Casa Brasil. O governo não informa quanto será gasto com a viagem, mas uma projeção do Olhar Olímpico aponta que os custos devem superar R$ 350 mil.

O número de pessoas ligadas ao Ministério do Esporte pode ser ainda maior, porém. É que a maior parte dos profissionais que atuam na pasta são terceirizados, de setores como segurança e assessoria de imprensa, e suas viagens não são discriminadas nem no Diário Oficial da União (a liberação de funcionários federais para viagens internacionais depende de despacho ministerial), nem no Portal da Transparência.

Leandro Cruz ficará fora do país entre 11 e 24 de junho. De acordo com o Ministério do Esporte, a viagem dele começa por Portugal, onde o ministro vai se encontrar com seu equivalente português, Tiago Brandão Rodrigues, no dia 12, terça-feira. Ele viaja na quarta e, na quinta, estará em Moscou para um almoço com o embaixador do Brasil e para acompanhar a cerimônia de abertura da Copa, no jogo entre Rússia e Arábia Saudita.

Dali o ministro viaja para Sochi, visitando a concentração da seleção na antevéspera da estreia contra a Suíça, à qual ele acompanhará in loco, em Rostov-On-Don. Depois, Cruz volta a Moscou para visitar uma exposição sobre o futebol brasileiro, encontrar atletas brasileiros residentes na Rússia e se reunir com a ministra russa do esporte. No dia 22, sexta, ele assiste a Brasil x Costa Rica, em São Petersburgo, para só então voltar ao Brasil.

Cruz vai viajar acompanhado de Lucielen Barbosa (coordenadora de cerimonial), Marcello Martinelli (chefe de gabinete), André Luis Argolo Ribeiro (secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor), George Torquato Firmeza (chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais) e Denise Cardoso de Gusmão Cunha (secretária da Autoridade Brasileira de Controle Antidopagem, a ABCD).

A outra comitiva vai viajar à Rússia em momentos distintos, com as datas de viagem sendo inclusive alteradas depois do primeiro decreto. Secretário-executivo e número 2 do ministério, Fernando Avelino ficará na Rússia de 18 de junho a 2 de julho. O despacho que autoriza sua viagem explica que, no período, ele vai participar de "reuniões com autoridades locais" e de "ações de promoção do país na Casa Brasil". O Olhar Olímpico mostrou, ontem, que a participação do governo federal na Casa Brasil vai custar R$ 3,6 milhões.

Além do secretário-executivo, também terão essa função Lara Denger Videira (diretora de Futebol) e Roberto Constante Filho (chefe da assessoria de comunicação social do gabinete do ministro), que ficarão na Rússia entre 22 de junho e 6 de julho, e Ângelo de Bortoli Filho, diretor do Departamento de Gestão de Programas de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social, único que ficará na Rússia de 12 de junho até 6 de julho. De acordo com o Ministério do esporte, a missão desse grupo é "apresentar o país e prestar informações sobre os programas do ministério".

O Olhar Olímpico questionou o Ministério do Esporte a respeito de quanto vai custar a viagem. A resposta foi: "Os valores sobre gastos estarão disponíveis no Portal da Transparência". Por enquanto, não há informações disponíveis lá.

Projeção

Ao aprovar o projeto para a Casa Brasil, como mostrou o Olhar Olímpico, o Ministério da Cultura aceitou um orçamento de R$ 8,8 mil por viagem de ida e volta a Moscou – sem considerar a escala em Portugal, no caso da comitiva, esse custo seria de R$ 88 mil. No mesmo projeto, uma diária de hotel em quarto single em Moscou foi cotada em R$ 800 – mantendo-se a média, seriam gastos mais R$ 89 mil.

Além disso, os servidores federais recebem uma diária quando estão em missão oficial fora do país, para despesas variadas. Por dia na Rússia, o ministro e os secretários vão receber US$ 350 – esse valor é de US$ 460 durante a estadia em Portugal, conforme determina uma portaria do governo federal. Funcionários de segundo escalão têm diária de US$ 330, ante US$ 320 para auxiliares. Nas contas do Olhar Olímpico, as diárias devem somar mais de R$ 190 mil.

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.