Governo deve gastar R$ 3,6 milhões com shows brasileiros na Rússia
O governo federal deverá gastar R$ 3,629 milhões para montar um local de promoção cultural do Brasil em Moscou durante o período da Copa do Mundo. A conta será divida entre o Ministério da Cultura (MinC), que vai investir R$ 2,994 milhões e a APEX (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), que deve oferecer um patrocínio de R$ 635 mil. Além disso, o Ministério do Esporte vai enviar uma comitiva para trabalhar no espaço, que deverá receber o nome de "Brasil Experience 2018" e ficar dentro da Casa Brasil.
Inicialmente a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) havia se comprometido em participar da Casa Brasil, uma iniciativa da Vivid Brand, agência de live marketing escolhida no ano passado para ser a agência de comunicação específica da seleção brasileira até a Copa. Mas o agravamento da crise política em torno de Marco Polo del Nero fez a confederação recuar.
Foi aí que surgiu o apoio do governo federal, que se tornou parceiro da Vivid Brand na empreitada, responsabilizando-se pela área cultural. Em abril, o MinC abriu um edital de concorrência pública para escolher a entidade não governamental que firmaria o convênio, escolhendo o instituto Brasil Música & Artes (BM&A) entre sete concorrentes. Os orçamentos finais foram apresentados na última quarta-feira, mas até agora não houve assinatura do convênio. A previsão é que os recursos sejam liberados até a próxima quinta-feira – o contrato deve começar a valer na sexta.
A ideia é que a ação do governo sirva principalmente para divulgar a música e a gastronomia brasileiras. Serão realizados shows em finais de semana e em dias de jogos do Brasil, combinados com um evento semanal de gastronomia, "oferecendo um exemplo da culinária regional brasileira harmonizada com a música regional, mostrando a intensa diversidade dessas expressões culturais", pelo que aponta o projeto.
Para tanto, 12 artistas deverão ser contratadas, o que vai exigir, pelo plano de trabalho, 84 viagens de ida e volta à Rússia, ao custo de R$ 8,8 mil cada. Só com isso serão gastos R$ 739 mil – a maior parte, R$ 500 mil, virão da APEX. A montagem de palco, luz e som consumirá outros R$ 280 mil, com hospedagem e alimentação dos músicos orçados em R$ 370 mil. Tudo isso será pago pelo governo brasileiro.
Chama atenção a redução no cachê de cada uma dos artistas, de R$ 20 mil no projeto inicial para R$ 5 mil no definitivo. Ao mesmo tempo, um coordenador geral vai receber R$ 108 mil e, em tese, trabalhar por três meses. O produtor executivo vai ganhar R$ 96 mil e o coordenador de logística outros R$ 72 mil. Ainda que os shows durem quatro semanas, o coordenador musical terá três meses de salário. Vai embolsar R$ 78 mil.
Os shows serão transmitidos pela internet, o que vai custar R$ 130 mil ao Ministério da Cultura, num total de R$ 583 mil gastos em divulgação. O custo de pessoal também deverá superar o meio milhão, de acordo com a planilha do Brasil Música & Artes, que tem como presidente o produtor cultural Sergio Ajzenberg, dono da produtora Divina Comédia.
Ajzenberg recentemente lançou um programa de gastronomia e música no canal Cine Brasil TV, o "Tempero e Arte", apresentado pelo chef Guga Rocha. Chama atenção que a ideia da Casa Brasil seja bastante parecida e que o primeiro chef a atuar na Casa, representando o Nordeste, seja o mesmo Guga.
De acordo com a BM&A, a entidade abriu um edital para selecionar os músicos a se apresentarem. Foram escolhidos: Emicida (canta dia 16/junho), Selvagens à Procura de Lei (21/jun), Gian Correa (23/jun), Ludere (28/jun), Esdras Nogueira (29/jun), Liniker (30/jun), Hermeto Pascoal e Grupo (1/jul), Mart'nália (2/jul), Sandália de Prata (6/jul), Yangos (7/jul), Combo Cordeiro (10/jul), Saulo Duarte e Curumim (13 e 14/jul). A expectativa é de um público de 950 pessoas por show.
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