Jogos Sul-Americanos marcam fim da ressaca olímpica e início do 'novo COB'
Enquanto todas as atenções estão voltadas para a Copa do Mundo de futebol, a ser disputada na Rússia, o esporte olímpico brasileiro vive momento importante, distante dos holofotes. Quase dois anos depois da Rio-2016, a ressaca olímpica enfim chega ao fim. Neste sábado, em Cochabamba, na Bolívia, tem início o primeiro grande evento do ciclo, os Jogos Sul-Americanos, que marcam também o início de uma nova fase na história do Comitê Olímpico do Brasil (COB).
Não só do ponto de vista político, haja visto que essa é a primeira grande missão do Time Brasil desde a prisão e consequente renúncia de Carlos Arthur Nuzman, no fim do ano passado. Mas também dos pontos de vista econômico e esportivo. Passada a "década esportiva", o Brasil tem menos recursos para levar uma delegação inflada e, até por isso, chegou a hora de focar no que importa.
Os números falam por si. Em 2014, quando dos Jogos Sul-Americanos aconteceram em Santiago, no Chile, o Time Brasil foi composto por uma delegação de 479 atletas, em 41 modalidades. Para Cochabamba, o COB levará apenas 316 competidores, em 35 modalidades. Em Medellín (Colômbia), em 2010, haviam sido 562 atletas.
Essa redução, bastante significativa, nada tem a ver com uma queda no tamanho dos Jogos. Pelo contrário: a competição cresceu de tamanho e terá 4.350 atletas, cerca de 800 a mais do que há quatro anos. Também não pode ser relacionada com um enfraquecimento do poder esportivo do Brasil, que, na Rio-2016, ganhou mais medalhas que todos os demais países sul-americanos juntos.
Agora uma potência pan-americana, que pleiteia brigar regularmente no Top15 do quadro de medalhas olímpico, o Brasil não tem por que peitar seus rivais regionais. O interesse do Brasil nos Jogos Sul-Americanos equivale ao dos Estados Unidos nos Jogos Pan-Americanos: dar experiência para jovens atletas e conquistar vagas para eventos mais importantes.
No caso dos Jogos Sul-Americano, o COB diz publicamente que o foco está não no quadro de medalhas, mas em obter o máximo de vagas possíveis nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no ano que vem. E, às confederações, o comitê solicitou que priorizassem a convocação de jovens atletas. Algumas levaram isso a sério – e equipe de natação é inteira júnior -, mas outros nem tanto. A ginástica artística, por exemplo, convocou Arthur Zanetti. A canoagem velocidade terá Isaquias Queiroz. Para algumas, em época de vacas magras, é a chance de viajar e competir sem gastar – a delegação é enviada pelo COB.
"A participação brasileira também será importante para dar experiência aos jovens atletas. Temos uma delegação formada por muitos jovens, iniciando a vivência em Jogos multi-esportivos. Certamente alguns desses jovens chegarão aos Jogos Olímpicos Tóquio-2020, passando pelos Pan-Americanos Lima-2019", comentou Marco La Porta, vice-presidente do COB.
O Brasil não vai participar de modalidades que não são pan-americanas, como pelota basca, futsal e raquetebol. Com 316 atletas, tem só a sétima maior delegação do evento, o que deve dificultar uma briga pela liderança no total de medalhas, como aconteceu em 2002, 2006 e 2014 – em 2010, a Colômbia ganhou 72 medalhas só entre boliche e patinação artística e acabou campeã em casa.
A programação esportiva começa neste sábado pela manhã, com a cerimônia de abertura marcada para as 20h (de Brasília) no estádio Félix Capriles. Nenhuma televisão brasileira vai transmitir a competição, mas você pode acompanhar os resultados aqui no blog e no Twitter do Olhar Olímpico.
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