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Olhar Olímpico

Casamento perfeito da natação acaba em barraco público: 'Katinka me traiu'

Demétrio Vecchioli

24/05/2018 20h37

(Reprodução/Instagram)

Shane Tusup era tudo para Katinka Hosszu: marido, técnico, empresário, sócio. Ao mesmo tempo, a Dama de Ferro era tudo para ele: esposa e seu grande produto. O "casamento perfeito" da natação, porém, acabou de vez, e em barraco. Nesta quinta-feira, primeiro a húngara anunciou o fim da relação entre os dois. Depois foi o norte-americano que recorreu às redes sociais para detonar: foi traído duas vezes, por um colega de equipe, e acredita que, na verdade, ela nunca o amou. Desde então, não se fala de outra coisa no mundo da natação.

O casamento já não vinha bem desde o fim do ano passado, quando Katinka foi ao Campeonato Europeu de Piscina Curta sem treinador – e sem marido. Em janeiro ela confirmaria o fim da relação amorosa, sem dar maiores detalhes. Em abril, os dois reapareceram juntos, sem dar entrevistas. Acostumada a competir sempre que possível, a húngara, de 29 anos, deixou para abrir a temporada nesta sexta, nos Estados Unidos.

Um dia antes, soltou uma nota pelas redes sociais. Queria se proteger. "Eu gostaria me adiantar às fofocas. Infelizmente, Shane e eu não conseguimos resolver nossos problemas pessoais. Portanto, não estamos mais trabalhando juntos", informou pelo Facebook, sem dar maiores detalhes. Pouco depois, sua fanpage, que tinha mais de meio milhão de seguidores, foi removida.

Tusup então também resolveu falar. Em um comunicado enviado à imprensa norte-americana e postado nos stories de seu Instagram, foi direto. "Vocês merecem saber a verdade, que 'problemas pessoais' foram esses. Ela admitiu para mim, ela destruiu a santidade do nosso casamento dormindo com seu colega de treinamento Daniel Dudas", escreveu Tusup.

Ele deu detalhes de sua versão. Contou que em novembro foi surpreendido por uma súbita tensão no casamento e que qualquer tentativa de reconciliação era sabotada por Katinka, que batia na tecla que os problemas eram todos dele e de seu caráter – ele é tido como rígido e esquentadinho. À época, tornou-se público um momento de descontrole do treinador contra um árbitro em uma competição local da Hungria. Árbitro esse que havia sido o primeiro técnico da esposa.

Ainda de acordo com Tusup, em abril, em meio a uma turnê publicitária em que eles comemoraram seus aniversários juntos no Japão, ela confessou tê-lo traído. "Em nome da minha dedicação e do meu compromisso com o conceito de casamento, eu prometi trabalhar para perdoá-la. Mas ela me deixou pelo Dudas uma segunda vez". contou o treinador.

A partir daí, foi só desabafo: "Quando olho para os nossos dez anos juntos, questiono se o compromisso dela comigo era real. Depois de todo o sangue, suor e lágrimas que dei a ela, dedicando minha vida a ajudá-la a realizar todos os seus sonhos de infância, agora fica claro que eu fui manipulado e enganado e que nosso relacionamento foi construído em uma mentira. Eu realmente acredito que ela nunca me amou, mas simplesmente amava o jeito que eu era dedicado a ela."

Hosszu e Tusup formavam um casal único, de enorme sucesso esportivo e, principalmente, financeiro. A húngara, até então apenas uma nadadora acima da média, campeã mundial dos 400m medley em 2009, mudou de patamar depois de convidar o namorado para ser seu treinador, após fracassar Olimpíada de 2012.

Os dois haviam sido colegas de equipe numa faculdade da Califórnia e Tusup topou assumir o desafio, transformando a namorada (e esposa a partir de 2013) em uma máquina de nadar. Competindo sempre que possível, no maior número de provas possíveis, ela se transformou no maior fenômeno da história da natação em fazer dinheiro, especialmente graças à Copa do Mundo de Piscina Curta. Os dois também montaram uma empresa de marketing com dezenas de funcionários e produtos licenciados.

Na Olimpíada do Rio foram três ouros e uma prata, só em provas individuais – diferente das americanas, ela não tem a possibilidade de conquistar medalhas em revezamentos, por conta do nível técnico das compatriotas. Sua popularidade na Hungria é tão alta que o Mundial do ano passado foi disputado em Budapeste e a arena erguida para a competição ficou lotada absolutamente todas as vezes em que ela nadou, incluindo eliminatórias. Na competição ela ganhou dois ouros, uma prata e um bronze.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.